MEU
CORAÇÃO É UM SONETO
Aládia
Pereira de Almeida
Quantos
sonetos fiz? tantos... nem sei.
Tenho
levado a vida em poesia –
nos
momentos de dor, sempre rimei,
rimei
também nas horas de alegria.
Fiz
versos às pessoas que eu amei,
fiz
sonetos de angústia e nostalgia;
a
Natureza e Deus eu exaltei,
e
a Paz e o Amor cantei em poesia.
Fiz
sonetos em tarde embaciada,
fiz
sonetos em noite enluarada
e
madrugada de intenso verão.
O
bom Deus, por descuido, ao me criar,
colocou
no meu peito a palpitar,
uma
lira em lugar de coração.
...
E SOL NÃO SORRIU
Aládia
Pereira de Almeida
Passei
minha tristeza pela tarde,
num
outono transbordante de matizes,
pela
esquina onde medita algum covarde,
pela
graça onde transitam infelizes.
Pedacinhos
de mim mesma, sem alarde,
recolhi-os,
rejuntei-os nas raízes,
e
é no peito que o remorso aperta e arde,
pelas
minhas imprudências e deslizes.
Uma
brisa murmurou quando eu passava,
indagando
por que triste eu me encontrava,
quais
desgostos me magoaram tanto assim;
e
o sol que resplendia no horizonte,
ao
me olhar se entristeceu, curvou a fronte,
foi-se
pondo sem sequer sorrir pra mim.
CICATRIZES
Aládia
Pereira de Almeida
Muitas
bocas, por certo, me beijaram,
por
certo, muitas bocas eu beijei;
alguns
beijos, os lábios, me queimaram,
e
desses, a lembrança eu guardei.
Das
mãos que em minhas mãos se entrelaçaram,
das
faces que em ênfase afaguei,
dos
braços que com ânsia me abraçaram,
também
deles, a ausência, não notei.
Das
promessas e juras que fizeram,
das
palavras de amor que me disseram,
poucas
ficaram, poucas escutei;
mas
sinto ainda em tardes de mormaço,
o
calor e a pressão de um só abraço,
e
o sabor de um só beijo que te dei.
APELO
Aládia
Pereira de Almeida
Quando
eu deixar o mundo tão malvado,
para
habitar, por fim, a lousa fria,
nessa
hora de tristeza e de agonia,
eu
peço que tu fiques a meu lado.
Não
quero que tu chores nessa dia,
lembrando
o nosso amor tão malfadado,
preciso
recordar todo o passado,
e
partir com suspiros de alegria.
Depois
que eu repousar no meu abrigo,
não
me deixes ali abandonada –
quero
a visita de teu vulto amigo.
Se
na vida, de ti, fui separada,
quero
na morte reviver contigo,
toda
a ventura que nos foi negada.
FÊNIX
Aládia
Pereira de Almeida
Renascer
é preciso, muito embora esmagada,
com
a alma sofrida, abatida e sem rumo;
colocar
novamente a esperança no prumo,
emergir
dos destroços sem gemer, lacerada.
Refazer
minha vida (nem que seja em resumo),
registrar
uma história em que eu seja lembrada,
muito
embora sujeita uma carta marcada
que
me trouxe a tragédia pela qual me consumo.
Vou
erguer a cabeça, dar a volta na sorte,
já
que existe outra vida no horizonte da morte,
qualquer
dia, quem sabe ? Vou poder te encontrar.
Renascendo
das cinzas a que fui reduzida,
vou
viver a utopia, numa ânsia incontida,
e
qual fênix, alada, a teus braços voar.
AQUELAS
MÃOS
Aládia
Pereira de Almeida
Eram
tão magras, feias e manchadas,
aquelas
mãos que tanto bem faziam;
cheias
de rugas e tão maltratadas
por
afazeres que as consumiam.
As
unhas quebradiças, sem pintura,
mas
sempre limpas e muito curtinhas,
bem
raramente viam manicura
ou
cremes que as tornassem mais lisinhas.
Eram
mãos que se davam com carinho,
distribuindo
o amor em seu caminho,
tanto
aos estranhos quanto aos entes seus.
As
mãos de minha mãe, quanta saudade!
Obras
de arte, extrema raridade,
que
estão no acervo do museu de Deus.
ÚLTIMA
HOMENAGEM
Aládia
Pereira de Almeida
É
este o último verso que te faço;
também
a última vez que penso em ti,
e
estas linhas incertas que ora traço,
não
falarão do mundo que sofri.
Segue
também aqui o terno abraço,
que
de teus braços nunca recebi;
fica
comigo apenas o cansaço,
mais
a ausência de tudo que perdi.
Não
fui culpada, nem foste tampouco,
pois
este sonho meu, ingênuo e louco,
tinha,
por certo, que chegar ao fim
Resta
um consolo ao coração magoado,
que
ficou no meu peito, destroçado –
saber
que um dia tu pensaste em mim!
RECOMEÇO
Aládia
Pereira de Almeida
Não
tenho tempo para sentir saudade,
há
muita coisa que fazer ainda,
uma
ansiedade de viver infinda,
um
só prazer de plena mocidade.
Toda
emoção é válida e bem vinda!
Sinto
o prenúncio da felicidade,
e
o coração transborda de vaidade –
há
tanta coisa que fazer ainda...
Se
já vivi ? Dezenas de verões!
Já
tropecei em dúvidas, senões,
já
amarguei a solidão da idade.
Sinto
um vigor, agora, incontrolado,
começo
hoje – não sou mais passado,
não
tenho tempo de sentir saudade!
VOU
CHORAR AMANHÃ
Aládia
Pereira de Almeida
Vou
chorar amanhã. Hoje estou decidida
a
viver o momento, seja ele qual for;
vou
deixar pra depois toda a mágoa escondida
vou
chorar amanhã, sem vergonha ou temor.
Hoje
eu quero viver esta hora proibida,
neste
dia especial de convite ao amor,
sem
sentir-me culpada, receosa, oprimida,
entregar-me
à aventura sem censura ou pudor.
É
o momento que conta, é o presente que importa,
pois
não sei se amanhã estarei viva ou morta,
e
talvez me arrependa se esta hora eu perder.
Que
consolo terá a minha alma vazia,
rejeitando
este espaço de encantada magia?
Vou
chorar amanhã, hoje eu quero viver!
QUERO
MORRER ASSIM...
Aládia
Pereira de Almeida
Quero
morrer assim, numa tarde de sol,
com
cigarras cantando e este céu azulado,
no
meu leito, tranqüila, sobre um alvo lençol,
consciente
e sem dor, sem remorso ou pecado.
Minha
vida foi lume sem chegar a farol.
Como
um quadro sem tela, como um filme cortado,
como
um campo vazio, sem rolar futebol,
me
despeço sem mágoa do pobre passado.
Quero
morrer assim, sem rancor, sem temores,
quero
muita oração, quero velas e flores,
e
que amigos poetas não me deixem ao léu.
Sobre
a campa cinzenta uma cruz e uma trova,
na
certeza que a vida se refaz, se renova,
estará a minh'alma versejando no céu.
SABOR
DE VIDA
Aládia
Pereira de Almeida
Eu
amo a vida pelo que é a vida,
pela
razão mais simples de viver,
sem
me importar se árida é a lida,
se
há mais dias de dor que de prazer.
Eu
amo a vida mesmo na incerteza,
do
dia em que ela me abandonará;
sem
pesar de deixar tanta beleza,
sem
pensar, lá no Além, como será.
A
vida é boa, é só saber vivê-la,
não
desejar brilhar qual uma estrela,
nem
também, como um verme se arrastar.
Saber
chorar, se a dor nos atormenta,
sorrir,
quando a alegria se apresenta,
compreender,
esquecer e perdoar.
ESTRANHO
FUNERAL
Aládia
Pereira de Almeida
Fui
sepultar as minhas ilusões
e
volto agora, triste, mas feliz;
levei
todos os sonhos e emoções,
tudo
de bom que com carinho eu fiz.
O
tempo solidário e sempre amigo,
que
estava firme e claro de manhã,
anuviou-se
e enfim chorou comigo,
mandando
a chuva de minh'alma irmã.
Coloquei
uma cruz bem tosca e escura,
onde
enterrei meus sonhos de ventura,
minha
esperança, minha mocidade.
Ninguém
veio assistir ao funeral
e
eu presidi sozinha o ritual,
tendo
a meu lado apenas a Saudade.
“CONFITEOR“
Aládia
Pereira de Almeida
As
palavras de amor que não lhe disse,
os
gestos de ternura que não fiz
por
pudor, por receio, por tolice,
poderiam
tê-lo feito tão feliz !
Passei
a vida em tola e vã mesmice,
lustrando
as aparências de verniz,
e
foi-me a juventude; hoje, a velhice
registra
o quanto bem você me quis.
Agora
é tarde, já não há mais jeito,
se
esta paixão dilacerou-me o peito,
confessá-la,
a esta altura, que adianta ?
Leia
os meus versos, são declarações,
mais
que palavras, são as confissões
que
deixei sufocadas na garganta.
CORAÇÃO
AMIGO
Aládia
Pereira de Almeida
Tu
vês, meu coração? Estou sozinha
no
emaranhado de visões tão tortas,
em
meio à bruma espessa e folhas mortas,
nesta
tarde outonal, como andorinha.
Fecharam-se
para nós todas as portas,
e
a saudade que chega e se aninha,
amargura
meu peito e me definha.
Nem
tu, que és meu amigo, me confortas.
Estou
triste, estou só, estou perdida
num
torvelinho de paixão dorida –
que
ânsia de gritar e de correr!...
Seria
solução, meu caro amigo,
se
fizesses um pacto comigo,
deixando,
simplesmente, de bater!
MEU PRIMEIRO AMOR
MEU PRIMEIRO AMOR
Aládia Pereira de
Almeida
Tu foste o meu
primeiro amor na vida,
De uma ilusão
nascido – ato impensado –
Numa tarde de março
colorida,
Depois de um
carnaval louco e agitado.
Foi um sonho tão
simples, de fugida,
Que não chegou a
ser concretizado,
Pois a tu’alma inquieta
e distraída,
Não compreendeu o
que lhe era ofertado.
Foi tolo o meu
amor. Puro, inocente,
Porém me
transformou bem de repente,
Numa sem fé, sem
sonhos, sem vontade;
Desse primeiro amor
de minha vida,
Eu guardo, qual
lembrança inesquecida,
Uma carta, um
retrato, uma Saudade.
FELICIDADE
FELICIDADE
Aládia Pereira de
Almeida
É palavra tão
simples, corriqueira,
Que anda de boca em
boca pelo mundo,
Que não sabe,
decerto, quão profundo
É o sentido, em sua
essência verdadeira.
É ventura sutil e
passageira,
Que deixa um rastro
forte e bem profundo,
Àqueles que a
esperá-la a vida inteira,
Vêem-na passar
ligeira, num segundo.
Felicidade é pouco,
quase nada...
No mais comum da
vida se resume
E é, certamente, a
todos reservada;
Basta só que a
busquemos sem ciúme,
Basta só que a
queiramos conservada,
Não mais que um
suave, caro e bom perfume!
NOITE DE INSÔNIA
Aládia Pereira de
Almeida
Sob a mortiça e
frágil luz da vela,
Nesta noite de
inverno, triste e fria,
Minha pena –
incansável sentinela –
E aqui, da vela, a
débil chama treme;
Pende do teto,
pálida aquarela,
E na sala, o piano
silencia;
Tal como um quadro,
sem moldura, em tela,
Está minh’alma,
assim, de ti vazia.
Lá fora o vento
agita as folhas, geme,
Um frio seco
irrompe pela sala,
E aqui, da vela, a
débil chama treme;
Só teu retrato não
sorri nem fala
Ao coração, que sem
farol, sem leme,
Tal como um barco
na amurada entala.
TANGO
Aládia Pereira de
Almeida
Ritmo d’alma! Voz
do coração!
Recordação do amor
não esquecido!
Tu despertas o
sonho adormecido,
Sonho que não
passou de uma ilusão.
Quando soluças,
bandolim plangente,
Traduzes minha
imensa e atroz desdita,
Ao teu compasso o
coração palpita,
Em merencórea
evocação dolente.
Tu me fazes, então,
rememorar,
Meu bairro, minha
escola, o doce lar,
Minha mãezinha, meu
papai querido;
Em ti recordo a
infância tão distante,
Tudo o que sonhei
na vida errante,
O meu primeiro
amor, ó tango amigo!
SAUDOSISMO
Aládia Pereira de
Almeida
Do modo em que se
vive atualmente,
Na era de “excursões”
espaciais,
Em que o homem
vibra muito e pouco sente,
E respeito, e pudor
não se vê mais;
No século que prima
em modernismo
Nos setores de ação
da humana raça,
Aboliu-se, da
Igreja, o misticismo,
Desfez-se a Fé em
nuvens de fumaça.
Hoje que, da
ciência, a evolução,
Já faz transplante
até do coração,
E o mundo é “avançado”
e está “pra frente”,
Eu tudo vejo,
entendo, e fico à parte,
A cultivar, ainda,
a antiga arte,
E a amar ainda como
antigamente.
PERGUNTA
Aládia Pereira de
Almeida
Por que fazer sonetos?
Curioso!...
Por que cultivas
esse antigo tema?
Seria bem mais
fácil, mais rendoso,
Compor um outro
estilo de poema.
A rima não é muito
necessária,
A métrica também
foi relegada;
O pensamento é
livre, a forma é vária,
Não mais restrita,
nem cadenciada.
Vamos, sacode o pó
da antiguidade!
Por que seguir
BILAC e não BANDEIRA?
GONÇALVES DIAS, não
DRUMMOND DE ANDRADE?
Faz um “moderno” só
de brincadeira,
Será que tu nãos tens
capacidade?
Minha teimosa e
tola companheira.
PSICOSE
Aládia Pereira de
Almeida
Este amor que
guardei por vinte anos,
Vinte anos de
espera sem proveito,
Sem desfrutá-lo no
calor do leito,
Onde sufoco,
sempre, os desenganos...
Este amor que de “apenas
sentimento”,
Não se deu, pelo
corpo, em possessão;
Este amor de
saudade e sofrimento,
Que supera os
princípios e a razão...
Hoje eu te entrego
num ardor total,
E sem pensar que
possa ser fatal
Para um de nós, ou
para os dois, talvez.
Que importa o
mundo? O julgamento alheio?
Se possuir-te é
tudo quanto anseio,
Mesmo que seja
apenas uma vez!...
DESCENDO A SERRA
Aládia Pereira de
Almeida
Era um dia chuvoso
em mês de agosto,
Fria manhã de um
prolongado inverno;
Eu trazia,
estampado no meu rosto,
O rigor de um
intenso frio interno.
Por ironia do
destino, entanto,
Tinhas na face uma
expressão feliz,
E eu me contagiei
com teu encanto,
Te disse coisas que
jamais eu fiz.
Fomos bons
companheiros de viagem,
E nossa pura e vã
camaradagem
Não deve, desse
ponto, ultrapassar;
Nossos caminhos
paralelos são,
Pois vão seguindo a
mesma direção,
Sem, entretanto,
nunca se encontrar.
MEU SONHO AZUL
Aládia Pereira de
Almeida
Uma casa pequena,
bem branquinha,
De janelas azuis e
um bom quintal;
Uma horta, um
jardim e uma cerquinha
Separando, de um
lado, o roseiral.
Uma casa modesta,
alegre e calma,
Onde o sol venha
sempre passear;
Onde, tranquila,
possa então minh’alma,
Pelas noites de lua
repousar.
Por fora o céu, o
mar, a Natureza,
Que constituem a
nossa riqueza,
Pois que a fortuna
só virá depois;
E dentro dessa casa
a esperança,
Muito amor e um
sorriso de criança,
Unindo a vida
simples de nós dois.
RETORNO
Aládia Pereira de
Almeida
Doze anos depois
voltei aqui
meu velho casarão
tão maltratado;
voltei para ficar,
cuidar de ti,
voltei pra reviver
o meu passado.
Nos teus salões
quanto me diverti...
foi um adolescer
meio encantado;
em contraste,
também, partiu daqui
meu velho pai,
amigo idolatrado.
Que saudade de ti,
do teu quintal,
da “pirambeira” com
seu bananal,
desse recanto onde
me criei;
andei por outras
terras, mas confesso:
a saudade apressou
o meu regresso,
aqui estou, meu
casarão. Voltei!
SOMBRIO OCASO
Aládia Pereira de
Almeida
No fim da tarde
desta minha vida,
descamba o sol numa
tristeza enorme;
embora o coração
bata uniforme,
minha esperança
resta adormecida.
No fim da tarde de
um viver disforme,
de uma existência
opaca e esmaecida,
declina o sol numa
mudez sofrida
e alheia à sorte a
minh’alma dorme.
Sombria vida, de
emoções, carente,
onde a ventura não
se fez presente
nem houve indícios
de felicidade.
Ocaso frio –
solidão ardente –
nuvens esparsas no
meu céu poente,
clarões vermelhos
de infinda saudade.
MISSÃO CUMPRIDA
Aládia Pereira de
Almeida
Se medicina não
pude eu fazer
para curar as dores
materiais,
dediquei minha vida
a socorrer
aos que sofriam de
dores morais.
Se um instrumento
não pude eu tocar,
se uma outra arte
não pude aprender,
meu coração se
dilatou de amar
e minha mão cansou
de se estender.
Não fui bela, bem
feita, nem vaidosa,
nem minha vida foi
tão cor de rosa,
mas dei, de mim, o
quanto possuí;
Sem ter riqueza,
partilhei carinho,
tentei deixar
florido o meu caminho,
não cantei, não
dancei, mas escrevi.
ALÁDIA PEREIRA de ALMEIDA é... (digo é porque poesia é vida eterna...) essencialmente, uma poetisa do amor, o mais belo dos temas entre todos. Gostei de todos os seus sonetos e não sei selecionar entre os que me arrebataram e os outros de que gostei muito. Parab´´ens póstumos a ela e efetivos a quem selecionou os seus sonetos. O amor é o mais belo dos sentimentos e a mais profícua e terna fonte de poesia...
ResponderExcluirPoesia é, efetivamente, vida eterna... Aládia, continuará a viver entre nós através dos seus poemas... em sua memória e homenagem deixo aqui um dos meus sonetos que tem a ver com esta realidade que a poesia, através dos séculos, tem confirmado.
ResponderExcluirPOESIA É VIDA ETERNA
Cada curva do tempo que eu vivi,
de modo, muitas vezes, controverso…
foi forma que encontrei de estar aqui
deixando sempre um verso e mais um verso.
Gozei, sofri, amei, chorei e ri
num modo de viver sempre diverso
e todos os meus versos escrevi
para os lerdes, depois, no meu reverso.
Ao chegar o momento, tão profundo,
calar a minha voz, eternamente…
eu não vou aceitar suas algemas…
Vou deixar a minha voz cá neste mundo…
não podendo falar, pessoalmente,
irão falar, por mim, os meus poemas !...
Matos Serra