NATAL
João
Baptista Coelho
Natal!
Noite de Paz e santidade.
Nas almas há silêncio e contrição.
Por guerras que não são de liberdade;
Por homens que mendigam luz e pão.
Natal! Dia de amor e de bondade.
Nas mentes há desejos de perdão.
Mas há, também, em nós, a crueldade
de ver e consentir homens no chão.
Natal! Há mil presentes; Há lembranças;
Há sonhos que alimentam as crianças;
E outros que se perdem no caminho.
Natal! Tempo de paz em cada lar!
Quem dera ter Natal e ver entrar
Jesus, pé ante pé, devagarinho.
Nas almas há silêncio e contrição.
Por guerras que não são de liberdade;
Por homens que mendigam luz e pão.
Natal! Dia de amor e de bondade.
Nas mentes há desejos de perdão.
Mas há, também, em nós, a crueldade
de ver e consentir homens no chão.
Natal! Há mil presentes; Há lembranças;
Há sonhos que alimentam as crianças;
E outros que se perdem no caminho.
Natal! Tempo de paz em cada lar!
Quem dera ter Natal e ver entrar
Jesus, pé ante pé, devagarinho.
(JOÃO BAPTISTA COELHO - APP – Sócio nº. 13)
UM POUCO MAIS ALÉM DO FIM
João
Baptista Coelho
Abril,
depois Verão; Outono; Inverno.
A
Luz; o Arrebol; a Frialdade.
A
página virada dum caderno
no
livro que nos leva à Eternidade.
O
sonho que se tem de ser-se eterno,
tal
qual se quer, infinda a liberdade.
E,
ao fim, na dúbia imagem— céu/inferno —
a
neve a pressupor o fim da idade.
Contudo,
no vazio de ser Nada,
no
ómega final da nossa estrada
e
mesmo já na foz da nossa rua...
...
há sempre, nos poetas, uma rosa
que
abrolha no seu peito, luminosa,
gritando
que o poema continua!
SÍNTESE
João
Baptista Coelho
Nascemos.
Vivemos. Aos poucos... a idade.
Primeiro,
o menino. Depois, a pujança.
Mais
tarde, a aventura. Adiante a saudade
das
horas de amor onde o Homem balança.
Brinquedos.
O estudo. O labor. A amizade.
As
horas de pausa. A paz na lembrança.
O
sonho de ser-se outra vez mocidade.
Mas
longe... bem longe... o menino-criança.
E
prestes do fim, nesta estrada da vida,
por
vezes nublada, penosa e comprida,
o
que é que nos dá este mundo cruel?!
Talvez
nada mais que o morrer-se na sombra
dum
palco tão grande onde a luz nos assombra,
perdidos
no tempo... o ator e o papel.
DEIXEM
VOAR O PÁSSARO QUE SOU
João
Baptista Coelho
Poeta
preso à terra onde nasci,
sem
nunca ter provado a cor do vento,
quisera
libertar-me; ir por aí;
os
sonhos incitando o pensamento.
Quisera
ser condor ou colibri.
Ninguém
se apercebeu do meu intento.
Mas
eu, mesmo sem asas, hoje e aqui,
não
calo este meu grito; este lamento.
Deixem
voar o pássaro que sou!
Saltar
do fundo abismo aonde estou!
Buscar
um outro sol, além dos montes!
Doar
meu corpo à terra onde se prende!
E
a alma, sem ninguém que a recomende,
ir
conversar com Deus... nos horizontes!!!
POEMA
DA VIDA
João
Baptista Coelho
I
A
Vida é o tempo que Deus nos empresta;
que
o Homem consome ao sabor da aventura;
em
guerras de irmãos, em canseiras, em festa;
em
prantos, em risos, em raiva, em ternura.
Em
busca da paz; da que ainda lhe resta!
Da
tal que adivinha no fim da lonjura!
Da
paz que, mal chega, se evola, bem lesta,
nas
asas de um verso que há muito procura.
A
Vida é, por si, esse imenso mistério
que
o Homem dissipa sem tento ou critério,
medindo-a,
tão só, no valor da ambição.
Mil
vezes alheio ao valor que ela tem,
quando
é percorrida nas sendas do bem;
quando
é partilhada sem outra intenção.
II
Quando
é partilhada sem outra intenção
o
Homem se avulta aos olhos de Deus:
é
raio de sol; lucidez de oração;
tesouro
sem fim dos mais pobres plebeus.
A
Vida é água, é o ar, é o pão;
um
sonho constante de crentes e ateus;
bonança,
infortúnio, poema, canção,
que
um dia nos deixam num simples adeus.
A
Vida são ruas e becos sem fim;
também
labirintos num grande jardim
e
estradas perdidas de infinda floresta.
E
acabo a dizer-vos, agora, sozinho
que,
olhando-me atrás, já no fim do caminho,
a
Vida é o tempo que Deus nos empresta.
POEMA
PARA MINHA MULHER
João
Baptista Coelho
I
Amei-te,
meu amor, quando te vi;
teu
corpo; o teu olhar; a tua voz.
Amei-te
essa inocência que há em ti,
que
quis ver a meu lado até à foz.
Amei-te
com um novo frenesi
no
beijo – no primeiro – havido em nós;
e
nessa paz imensa, aqui e ali,
nas
horas de silêncio, muito a sós.
O
tempo foi vogando, atrás da vida,
do
berço ao mais além, sempre em corrida,
alheio
aos nossos mil e um cansaços.
E
porque sempre andámos de mão dada,
a
sombra do que fomos, nesta estrada,
jamais
se apartará dos nossos passos.
II
Amei-te
pela luz que te reveste
a
preencher meus sonhos de rapaz.
Mais
terna que a do sol no azul celeste;
mais
doce; mais sensível; mais vivaz.
Amei-te
pelo filho que me deste,
gerado
num instante tão fugaz.
E,
ainda, neste mundo tão agreste,
p’la
dádiva do pão da tua paz.
Já
velhos, já exaustos, meu amor,
os
versos que aqui deixo são a flor
colhida
esta manhã no meu chão duro.
E
digo-te a findar — fica ciente! —
amei-te
e hei-de amar-te eternamente
até
ao fim dos tempos do Futuro!
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