NÃO
ME FALES DE GLÓRIA: É OUTRO, O ALTAR
Antero de Quental
(A Alberto Sampaio)
Não me fales
de glória: é outro, o altar
Onde queimo piedoso
o meu incenso,
E animado de fogo
mais intenso,
De fé mais viva,
vou sacrificar.
A glória! pois que
ha n'ela que adorar?
Fumo, que sobre o
abysmo anda suspenso...
Que vislumbre nos
dá do amor immenso?
Esse amor que
ventura faz gosar?
Há outro mais
perfeito, único, eterno,
Farol sobre ondas
tormentosas firme,
De immoto brilho,
poderoso e terno...
Só esse hei-de buscar, e confundir-me
Na essencia do amor puro, sempiterno...
Quero só n'esse fogo consumir-me!
(In "Sonetos")
AINDA
UM OUTRO ALTAR
Maria
João Brito de Sousa
"Não
me fales de glória: é outro o altar"
E
outra é a razão dos meus sonetos,
Que
são, pr`á glória, trastes obsoletos,
Mas
são, pr`a mim, o pão que eu cozinhar!
"A
Glória! Pois que há nela que adorar?"
Palácios
de ilusões, sempre inconcretos,
Com
túneis, tão sombrios, quanto secretos,
Em
que me perderei, se os alcançar...
"Há
outro mais perfeito, único, eterno,"
Aonde
sempre fui (re)construir-me
Enquanto
resistia ao duro Inverno;
"Só
esse hei-de buscar, e confundir-me"
Num
menos rebuscado e mais fraterno
E,
quer creiam, quer não, muito mais firme!
(Maria João Brito
de Sousa -11.12.2016 - 12.19h)
Nenhum comentário:
Postar um comentário