À
PRIMEIRA VISTA
Amilton
Maciel Monteiro
Você
nem imagina a maravilha
que
foi dobrar a esquina e, de repente,
cruzar
com um olhar resplandecente ,
que
eu nunca imaginei ver nesta ilha!
Olhar
tão meigo, doce e sorridente,
que
até pensei: - mas haverá partilha
em
tal luzeiro que por si rebrilha
com
simpatia e graça, claramente?
Mas
foi assim o início deste amor
que
há muito tempo estava semeado
em
nosso peito seco e estorricado...
Mas
um cupido muito protetor
regou-nos
com a doçura altruísta...
e
nos amamos à primeira vista!
A
VELHA PRAÇA
Amilton
Maciel Monteiro
Passou
o tempo meu... Está distante,
mas
a memória cheia de carinho
guardou
a praça em que brinquei bastante
na
meninice, atrás de passarinho...
Agora,
desgastado e claudicante,
saudoso
quis revê-la. Fui sozinho
e
lá cheguei cansado, já arquejante,
de
tanto que eu errei em seu caminho...
Achei
a velha praça quase igual...
Mesmo
passados mais de oitenta anos,
não
perde a pacatez tão medieval...
Revejo
meus amigos bem idosos,
iguais
a mim no porte e em desenganos,
mas,
bendizendo a vida! Estão ditosos!
ABENÇOADOS
Amilton
Maciel Monteiro
A
história de Seu Doca e Dona Mariquinha*,
Os
meus saudosos pais, bondosos e amados,
nos
faz lembrar do grande amor que o casal tinha;
a
todos parecendo eternos namorados.
Levaram
sida simples, mesmo comezinha,
de
sonhos, de trabalhos, lutas e cuidados...
Mas
o casal (que belo!), sempre se mantinha
na
mesma fé em Deus, cumprindo os seus Mandados.
Exemplo
para nós de vida conjugal,
que
perdurou por mais de sessenta e dois anos
e
eu nunca os vi brigando, ou sequer “de mal”. ..
Tiveram
doze filhos, todos muito amados,
criados
com respeito ao Pai, sem desenganos...
Por
tudo isso foram os dois abençoados!.
(*) - Pedro
de Paula Monteiro (“Doca de Paula”): nascido em
21.08.1883 e Maria Azália Maciel Monteiro (Dona “Mariquinha”: nascida em
12.08.1888, ambos de Areias/SP, onde se casaram em 25.01.1909.
ADAMO
Amilton
Maciel Monteiro
Caro
poeta e amigo eu recebi
o
teu poema, cheio de prazer,
já
que nos diz ali teu bem-querer
pela
poesia que se faz aqui.
Mas
os meus versos, quer-me parecer,
que
estão sofrendo certo frenesi,
qual
o cantar da pobre juriti
que
representa eterno padecer....
Já
percebeste meu amigo Adamo,
que
das poesias uma que eu mais amo,
sem
desfazer das outras, é o soneto!
Eu
quero agradecer o teu carinho
pelos
meus versos, dos quais és padrinho!
Mas
sem lisonjas, senão me derreto!
ADEUS
MEU ANO VELHO
Amilton
Maciel Monteiro
Adeus,
meu Dois Mil e Quinze, adeus, adeus!
De
alguns legados seus terei saudade,
mas
de outros tantos, me perdoe Deus,
pois
me trouxeram só contrariedade...
Terei
saudades dos amigos meus
que
já se foram para a eternidade...
Mas
lembrarei, também, dos himeneus
de
outros amigos; que felicidade!
E
o que dizer, então da “Lava Jato”?
O
povo do Brasil sofreu de nojo,
depois
de ter ficado estupefato!
Jamais
pensou ver tanta roubalheira!
Mas
o que vale agora é ter arrojo
para
salvar a Pátria Brasileira!
ÁGUA
Amilton
Maciel Monteiro
Oh,
abençoada água que sacia
a
sede natural das criaturas,
não
falte nunca em nosso dia a dia,
nas
suas fontes mil que jorram puras!
Reconhecendo
a sua cortesia,
não
iremos manchar o que depuras;
jamais
seremos causa de avaria
ao
bem que a todos nós só traz venturas!
Aos
jovens prometemos ensiná-los
que
sejam sempre seus fiéis vassalos
em
uso altamente consciencioso.
E
assim os homens, plantas e animais,
nosso
planeta, enfim, terá jamais
um
final triste, por demais sequioso!
ALGUÉM
Amilton
Maciel Monteiro
Por
muito tempo eu procurei o amor,
mas
ele sempre se esquivou de mim.
Cheguei
a achar que desse bem, enfim,
sequer
iria ver discreta cor!
De
tanto procurá-lo em vão, por fim
o
imaginava tal como um vapor
que
nem bem surge, foge do calor,
e,
então desaparece, assim, assim...
Mas
há algum tempo, encontrou-me alguém
que
me levou a procurar o bem;
e
tal mudança me surpreendeu!
Pois
ao buscar o bem (que interessante!),
cruzei
com imenso amor no mesmo instante,
e
agora, bem feliz, sou outro eu!
AMOR
PLATÔNICO
Amilton
Maciel Monteiro
Eu
vou ser breve por estar afônico,
de
tanto que implorei por teu querer...
Também
já estou cansado de sofrer
com
nosso vai não vai de amor platônico!
Em
minha vida fui jamais irônico;
és
meu amor de fato, podes crer!
Me
aceita por esposo, que vais ver
como
é que é ter marido faraônico!
A
casa tu já tens... É só morar...
Teu
ordenado é bom! Vai sustentar
nós
dois e mais ainda a tua sogra...
Então,
qual o porquê do teu pavor?
Casemos
logo, pois senão malogra
o
plano que sonhei, meu grande amor!
AMOR
SEM JAÇA
Amilton
Maciel Monteiro
Nem
pense em me deixar! Eu enlouqueço,
ou
vou, por certo, entrar em depressão...
Não
saberei viver sem tanto apreço,
com
que você prendeu meu coração.
Por
isso eu peço aos céus que, a qualquer preço
nos
livre de qualquer separação,
que
me poria num torpor espesso,
exterminando
a minha inspiração!
Também
jamais veria no futuro
alguma
graça para o meu viver,
pois
existir sem estro eu esconjuro!
Assim,
meu bem, evite tal desgraça;
jamais
me deixe só! Você vai ver
que
é todo seu o meu amor sem jaça!
APELO
Amilton
Maciel Monteiro
Ajuda-me,
Senhor, a sempre ser
mais
amoroso e bem mais cordial;
de
mim tira a mania só de ter
cada
vez mais e mais coisa banal!
Ajuda-me
a sentir maior prazer
a
socorrer quem hoje vive mal,
por
lhe faltar, talvez, o que comer
e
à míngua de instrução fundamental!
Porém,
a criatura que puseste
no
mundo de belezas inconteste,
defenda
mais o belo que fascina...
E
zele sempre em prol da Natureza,
tolhendo
a turba xucra que a assassina,
por
ambição de sórdida riqueza!
AROMA
INCONFUNDÍVEL
“Geosmina”
Amilton
Maciel Monteiro
O
aroma inconfundível, tão gostoso
que
sai da terra assim que ela é molhada,
especialmente
após chuva pesada,
só
de aspirá-lo, sinto-me saudoso.
No
mesmo instante volto à decantada
infância
alegre, ó tempo venturoso,
em
que eu nem conhecia o caprichoso
viver
em chão todinho cimentado!
A
vila toda tinha chão batido,
com
tocas de jogar pinhão e gude,
e
um futebol bastante divertido.
Quando
o céu despencava, era bizarro:
o
fundo do quintal virava açude,
onde
dos tombos eu tirava o barro!
BEM
SEI
Amilton
Maciel Monteiro
Bem
sei... Não faço verso algum perfeito
e
alguns bem longe estão da perfeição,
contudo,
infelizmente, é desse jeito
que
posso sossegar meu coração.
Quisera
que surgisse sem defeito,
não
por vaidade pura ou presunção,
mas
é que eu quero que ele seja feito
só
para alguém que estima a perfeição!
Assim,
pois, ele nasce quando quer,
da
forma que bem quer, sem dar qualquer
obediência
à minha mão que o escreve...
É
o modo de acalmar o que angustia
meu
peito, cada vez que a dor se atreve
calar
a minha voz, minha afasia!
BODAS
DE DIAMANTE
Amilton
Maciel Monteiro
Já
doze lustros de romance, amor,
nós
completamos e ainda estou assim,
sempre
a querendo muito para mim
com
todo o afeto e com todo o ardor!
Você
é a mais linda flor do meu jardim
e
seu perfume é sem competidor;
o
seu sorriso belo e sedutor
é
indispensável à minha vida, enfim...
Sessenta
anos faz que Santo Antônio
nos
conduziu com amor ao matrimônio...
e
não nos separou um só instante.
Graças
a Deus que assim, sempre juntinhos,
parecendo
que somos dois brotinhos,
chegamos
nestas Bodas de Diamante!
BODAS
DE RENDA
Amilton
Maciel Monteiro
Treze
anos de casados já vivemos!
Cento
e inquenta e seis meses de amor...
Assim
passou o tempo e nós não temos
recordação
sequer de um dissabor!
Graças
a Deus, amor, assim estivemos
sem
perceber dos anos o rigor!
Que
a vida foi um sonho, isso sabemos;
endamos
graças, pois, ao Criador!
Eu
vou amar-te até a Eternidade,
tome
esta vida o rumo que tomar!
Pois
eu sinto demais necessidade
De
teu amor por mim! Quero provar
que
isto que digo é pura realidade,
perante
ti e os filhos em meu lar!
BODAS
DE NÍQUEL
Amilton
Maciel Monteiro
Cinquenta
e quatro anos de casados !
Com
ele foi a nossa juventude!
Foram
também os sonhos tão sonhados
e,
por que não dizer, nossa saúde!
Mas,
na verdade, fomos abençoados,
com
tantas graças, tanta beatitude,
que
nós ganhamos filhos tão amados
e
netos com promessas de virtudes!
Por
isto levantamos mãos aos céus
agradecendo
tão caros troféus!
Pois
Deus multiplicou o nosso amor!
E,
além de perdurar nossa união,
fez
deste rude esposo um trovador,
que
tem em sua amada a inspiração!
BODAS
DE OURO
Amilton
Maciel Monteiro
Eu
agradeço a Deus por ter nos dado
a
mim e a minha esposa em casamento
e
tempo para amar e ser amado
sob
a indulgência desse casamento!
Também,
meu Deus, o meu muito obrigado
por
nossa prole, nosso encantamento;
são
nossos filhos, Pai, alto legado
que
almejamos deixar em testamento!
Abençoai,
assim como abençoas
há
cinquenta anos já este casal,
que
para agradecer-vos só tem loas!
Que
nossos filhos e também seus filhos
sempre
tenham no Cristo o seu fanal,
arrastando
outros jovens em seus trilhos!
BODAS
DE PÉROLAS
Amilton
Maciel Monteiro
Três
décadas fizemos de namoro,
um
trio de decênios já passados!
Casados,
bem depressa veio o choro
dos
filhos... E seguimos namorados...
Agora
eles cresceram... Quase em coro
noivaram.
Hoje até já estão casados.
E
nossos sonhos plenos de decoro
continuam,
meu bem inalterados!
Seus
queixumes, amor, ah, seus queixumes,
não
chegam nem aos pés de meus ciúmes!
Mas
continuamos sempre apaixonados!
Queira
Deus venham os netos e bisnetos,
para
ganharem todos os afetos
e
que nos vejam sempre enamorados!
BODAS
DE VIDRO
Amilton
Maciel Monteiro
Cinquenta
e oito anos de casados
nós
completamos neste dia trinta
do
mês de maio! Oh, data mais distinta,
que
fez de nós eternos namorados!
Alguns
de meus amigos, admirados
me
pedem que lhes conte, e que não minta,
de
forma verdadeira e bem sucinta,
como
sempre viver apaixonados!
Não
há receita alguma, além do amor
que
cultivamos cheios de calor.
Buscando
não ferir com quem se habita.
No
mais, é só curtir a vida a dois,
ambos
querendo o bem do outro e depois,
agradecer
a Deus a imensa dita!
CADUCO
CORAÇÃO
Amilton
Maciel Monteiro
Eu
tive que brecar o coração
de
modo violento e repentino
porque
o infartado, achando-se um menino,
pôs-se
a dar cordas à imaginação...
Frenei
tão forte o velho desatino
que
quase até o matei de comoção!
Por
isso diz-se agora em depressão,
meu
gênio até taxando de assassino!
Mas
sei que o caso dele é de esclerose
acumulada
em longos, longos anos;
parece
alguém que exagerou na dose. ...
Pois
ele pensa e busca só o amor.
Que
está ao seu lado e sofre os desenganos
de
tais mazelas fáceis de supor...
CASA
DOS POETAS
Amilton
Maciel Monteiro
Visito
sempre a casa dos poetas,
pois
lá me sinto bem a qualquer hora;
é
onde eu sempre encontro as mais seletas
poesias
de levar tristeza embora...
Na
sala principal estão completas
as
obras de imortais e dos de agora...
Há
versos mil de amor, canções diletas
ao
coração que de saudade chora...
Um
corredor de trovas me conduz
às
redondilhas numa sala enorme,
com
muito belas odes e poemetos...
E
tudo eu leio... e tudo me traz luz
para
que eu fuja à mágoa e me conforme
com
lições que me ensinam os sonetos!
CHEGA!
Amilton
Maciel Monteiro
Sei
lá
por
que,
vem
cá
você!
Pois
já
não
vê
que
há
quem
crê
Agora
em
mim?
Por
Deus,
Dá
o fora!
É
o fim...
Adeus!
CHUVA
NA PRAIA
Amilton
Maciel Monteiro
Se
o céu trocar a chuva pelo sol
vai
agradar e muito a todos nós
que
estamos do arrebol ao arrebol
curtindo
a praia à moda de arigós!
Garoa
bem cerrada, igual lençol
encobre
tudo, mais do que os torós
e
faz com que seu manto de aerosol
nos
deixe até com jeito de bocós!
Queremos
ter um dia ensolarado
com
a paisagem linda e o azul do céu,
curtindo
o verde mar encapelado!
São
Pedro tenha dó do interiorano;
chuva
na praia é duro e bem cruel
para
um sonho de sol e pouco pano!
COMO
EU QUISERA
Amilton
Maciel Monteiro
Meus
versos são retratos de minha alma,
traçados
a mão livre e sem esmero;
e
querem refletir o desespero
de
quem, sem o seu bem, procura a calma...
Resultam,
raras vezes, do exagero
de
fantasias que em meu peito ensalma,
penalizados
por saber do trauma
que
vivencio após um entrevero...
Que
fossem só de amor... como eu quisera!
Cantassem
tão somente a primavera,
sem
ter inverno, dores e tristezas...
Mas
nada disso existe nesta vida!
Nós
temos que enfrentar as incertezas,
se
almejarmos a Terra Prometida!
COMPENSAÇÃO
Amilton
Maciel Monteiro
Eu
amo a Deus e a vida
que
tenho para viver;
o
ar a água e a comida
que
não deixo de sorver.
O
mar, o sol, com as cores
matizando
a Natureza;
amo
os irmãos e as flores,
a
dúvida e a certeza!
O
sonho e a realidade
também
amo e assim exclamo
pondo
todo o meu empenho:
Isto
que eu sinto é verdade,
não
tenho tudo que eu amo,
mas
amo tudo o que tenho!
CONQUISTA
Amilton
Maciel Monteiro
Petrópolis
és nobre e Imperial,
grande
paixão de Dom Pedro Segundo,
que
dedicou, a ti, amor profundo,
eternizado
em linda Catedral!
Cidade
do Palácio de Cristal,
um
dos mais belos que há em todo o mundo!
Tens
clima puro e solo mui fecundo,
com
águas raras! És fenomenal!
Conquista
do vigor dos Coroados,
e
arrojo de alemães e de italianos,
franceses,
árabes e açorianos...
Oh,
parabéns por teus antepassados,
que
deram bela urbe e nobre gente,
ao
meu Brasil grandioso e surpreendente!
CONTRADIÇÃO
Amilton
Maciel Monteiro
Você
me diz que me ama cegamente,
mas
que perdoar jamais lhe acode...
Não
é contradição? Pois como pode
negar
assim a propensão da gente?
Perdão
e Amor têm algo coincidente,
tais
quais os versos que compõe a ode,
um
sem o outro é certo que ela implode
e
perde toda a graça num repente!
Quem
sente que ama muito e quer viver
feliz
e ao lado de seu bem-querer,
jamais
irá negar o seu perdão!
É
uma das virtudes só do amor,
que
nasce e cresce em nosso coração,
por
intenção de nosso Criador!
CONTRASTE
Amilton
Maciel Monteiro
Agora
em meio a crises e mais crises
que
em todo canto assolam, gasta olhar
e
ver nos mandatários mil deslizes
quer
seja no gerir, ou legislar...
Por
outro lado, embaixo das marquises,
milhares
já nem têm onde morar
e
à míngua de sadias diretrizes,
a
quem, ó Deus, podemos apelar?
Esse
contraste louco que nós vemos,
causado
por quem tem Poder nas mãos
e
nada fazem pelo bem comum;
Parece
que têm parte com os demos,
sem
se importarem com os seus irmãos,
nem
o poder largar de jeito algum!
CRESPÚSCULO
E AURORA
Amilton
Maciel Monteiro
Crepúsculo
e aurora são dois marcos
suaves
que norteiam meu viver;
seu
lusco-fusco que nos lembram zarcos,
para
o meu caso é fonte de prazer...
Mas
esse par, de fato, são dois barcos:
um
que me leva em pelo amanhecer...
e
outro que, vendo os meus recursos parcos,
no
ocaso, traz-me até meu bem-querer.
O
sair e voltar, há longos anos
sempre
esteve persente nos meus planos
de
eterno amor por minha linda fada...
Saio
bem cedo para trabalhar,
e
à tardinha regresso ao doce lar,
para
os beijos febris de minha amada.
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