Temos o prazer de juntar, neste capítulo,
algumas dezenas de sonetos populares, aqueles que mais se identificaram ou se identificam
com a preferência do povo.
São páginas largamente conhecidas de todos
os que apreciamos poemas sentimentais.
Nos tempos em que a poesia encontrava
melhor guarida no coração da juventude, estes sonetos eram decorados ou
transcritos em álbuns que, pelo menos a partir dos últimos decênios do século
passado, as moças românticas e sonhadoras guardavam com carinho e enlevo.
Eles marcavam, outrossim, sua indispensável
presença em todos os saraus literários, ou reuniões familiares onde a Arte se erigia
em desvelado culto à inteligência e ao lazer sadio. Tremulavam, como bandeiras
de vitória, nos prélios sorridentes em que o espírito alardeava primazia.
São poemas que se afinam com as aspirações
e os sentimentos dos seres comuns. Por esse motivo, conquistaram as suas épocas
e alcançaram a posteridade.
O lirismo, as mensagens, os pensamentos
transmitidos, são portadores de doces "recados" para as almas
sensíveis que sabem amar, sofrer, sonhar.
São sonetos cantantes e harmoniosos,
escritos com ternura e paixão, às vezes com sangue e lágrimas. Aqueles que
contêm tudo o que as almas singelas mais estimam.
Contemplamos e sentimos, neles,
intensamente, os quadros da Natureza. O amor sincero, o amor incompreendido. A
presença no beijo, a ausência na saudade. As palavras mudas do olhar, os gritos
eloqüentes do silêncio. A leveza das crianças e o peso das amarguras. O
heroísmo das mães, a magnitude das flores. Os sinos da fé, as promessas da
esperança, a bênção da caridade. Deus e o mundo. A paz e o mundo. O destino e o
mundo. As incertezas da vida e a certeza da morte.
Ninguém que haja tido intimidade com
sonetos ignora a existência destes, que logo passaremos a transcrever.
Estamos seguros de que são, deveras, poemas
maravilhosos, pelos seus conteúdos, pelas suas histórias, pelas surpresas que,
a cada passo, apresentam. São extremamente grandes, na sua extrema simplicidade.
Quase toda a coleção é, como teria de
acontecer, da autoria de renomados poetas, de artistas consagrados, não só
nestas páginas, mas, também, através de inúmeras outras, em que o talento c a
inspiração os elevaram às culminâncias da Arte poética.
Não saíram, exclusivamente, dos cérebros de
poetas eleitos por um poder superior. Saíram do mais íntimo de seus recantos espirituais
e, se assim não fosse, já teriam caído, de há muito, na vala insondável do
esquecimento.
Transformaram-se em momentos luminosos da
Poesia. São imortais, por isso mesmo. São, por isso mesmo, sonetos de todos os
tempos.
Aqui não se trata de gosto ou de critério
do autor deste trabalho. Não é um conjunto dos melhores, porém dos mais populares
sonetos brasileiros. Eles se impõem. Não são escolhidos.
São, apenas, lembrados e apontados.
É provável, quase certo, que, nesta
coletânea, não se encontrem todos os sonetos populares do Brasil, mas o nosso
trato com sonetos, durante longos anos, talvez nos tenha proporcionado ensejo
de oferecer aos leitores pelo menos a maior parte.
É o que esperamos ter conseguido.
OS
SONETOS BRASILEIROS MAIS POPULARES
(por
ordem alfabética dos autores)
Adelino
Fontoura — "Celeste"
Adelmar
Tavares — "Para o meu perdão"
Afonso
Celso — "Anjo enfermo"
Alberto
de Oliveira — "A vingança da porta"
Alceu
Wamosy — "Duas almas"
Alphonsus
de Guimaraens — "Hão de chorar por ela oscinamomos"...
Alvarenga
Peixoto —"Estela e Nize"
Álvares
de Azevedo — "Pálida, à luz da lâmpada sombria...”
Amadeu
Amaral — "Sonho de Amor"
Ana
Amélia — "Mal de Amor"
Anibal
Teófilo — "A cegonha"
Antero
Bloem — "O Cristo de Marfim"
Antônio
Tomás (Padre) — "Contraste"
Artur
Azevedo —"Arrufos"
Assunção
Filho — "Crime"
Augusto
dos Anjos —"Versos íntimos"
Augusto
dos Anjos — "Vandalismo"
Augusto
de Lima — "A Serenata"
B.
Lopes — "Berço”
Benjamim
Silva — "O frade e a freira"
Bento
Ernesto Júnior — "Lágrimas"
Castro
Alves — "Dulce"
Ciro
Costa — "Pai João"
Coelho
Neto — "Ser mãe"
Cruz
e Sousa — "Acrobata da Dor"
Cyridião
Durval — “Amor maternal”
Da
Costa e Silva — “Saudade”
Djalma
Andrade — “Ato de Caridade”
Emílio
de Menezes — “Noite de insônia”
Félix
Pacheco — “Estranhas lágrimas”
Fontoura
Xavier —"Estudo anatômico"
Francisco
Otaviano — "Morrer. . . Dormir...”
Guilherme
de Almeida — "Beijos"
Guilherme
de Almeida — "Longe da vista"
Guimarães
Passos — "Teu lenço"
Hermes
Fontes — "Solenemente"
Hermes
Fontes — "Buena-dicha"
Hermeto
Lima — "Santa"
Jaime
Guimarães — "De volta"
Jorge
de Lima — "O acendedor de lampiões"
Júlio
Salusse — "Os cisnes"
Luís
Carlos — "O canhão"
Luiz
Delfino — "Cadáver de virgem"
Luiz
Edmundo — "Olhos tristes"
Luiz
Edmundo — "Olhos alegres"
Luiz
Guimarães Júnior — "Visita à casa paterna'"
Luiz
Pistarini — "Bilhete de doente"
Machado
de Assis — "Círculo vicioso"
Maciel
Monteiro — "Formosa"
Mário
Pederneiras — "Suave caminho"
Múcio
Teixeira — "O sonho dos sonhos"
Nilo
Bruzzi — "Única"
Olavo
Bilac — Ouvir estrelas"
Olavo
Bilac — "Virgens mortas"
Olegário
Mariano — "O enterro da Cigarra"
Onestaldo
de Pennafort — "Quem tinha vindo para ser escrava”
Pedro
de Alcântara (Pedro II) - "Terra do Brasil"
Quintino
da Cunha — "Os beija-flores"
Raimundo
Correia — "As pombas"
Raimundo
Correia — "Mal Secreto"
Raul
de Leoni — "Ingratidão"
Raul
de Leoni — "História antiga"
Raul
de Leoni — "Perfeição"
Raul
Machado— "Lágrimas de cera"
Segundo
Wanderley (Manoel) — "Amor de filha"
Vicente
de Carvalho — "Velho tema (I)"
CELESTE
Adelino Fontoura
Maranhão (1859-1884)
É tão divina a
angélica aparência,
e a graça que
ilumina o rosto dela,
que eu concebera o
tipo da inocência
nessa criança
imaculada e bela.
Peregrina no céu,
pálida estrela
exilada da etérea
transparência,
sua origem não pode
ser aquela
da nossa triste e
mísera existência.
Tem a celeste e
ingênua formosura
e a luminosa
auréola sacrossanta
de uma visão do céu,
cândida e pura.
E, quando os olhos
para o céu levanta,
inundados de
mística doçura,
nem parece mulher — parece santa.
PARA O MEU PERDÃO
Adelmar Tavares
Pernambuco (1888-1963)
Eu que proclamo
odiar-te, eu que proclamo
querer-te mal, com
fúria e com rancor,
mal sabes tu como,
em segredo, te amo
o vulto pensativo e
sofredor.
Quem vê o fel que
em cólera derramo,
no ódio que punge,
desesperador,
mal sabe que, se a
sós me encontro, chamo
por teu amor, com o
mais profundo amor...
Mal sabe que, se
acaso, novamente,
buscasses o calor
do velho ninho
de onde um capricho
te fizera ausente,
eu, esquecendo a
tua ingratidão,
juncaria de rosas o
caminho
em que voltasses
para o meu perdão...
ANJO ENFERMO
Afonso Celso
Minas Gerais (1860-1938)
Geme no berço,
enferma, a criancinha,
que não fala, não
anda e já padece...
Penas assim cruéis,
por que as merece
quem mal entrando
na existência vinha?!
Ó melindroso ser, ó
filha minha!
Se os Céus ouvissem
a paterna prece,
e a mim o teu sofrer
passar pudesse,
— gozo me fora a dor que te
espezinha.
Como te aperta a
angústia o frágil peito!
E Deus, que tudo
vê, não t'a extermina,
Deus que é bom,
Deus que é pai, Deus que é perfeito!
Sim, é pai, mas — a crença nô-lo ensina:
— Se viu morrer Jesus, quando homem
feito,
nunca teve uma
filha pequenina!...
A VINGANÇA DA PORTA
Alberto de Oliveira
Saquarema, RJ
(1859-1937)
Era um hábito
antigo que ele tinha:
entrar dando com a
porta nos batentes:
— "Que te fez esta porta?" — a mulher vinha
e interrogava. Ele,
cerrando os dentes:
— "Nada! Traze o jantar!"
Mas à noitinha
calmava-se. Feliz,
os inocentes
olhos revê da
filha, e a cabecinha
lhe afaga, a rir,
com as rudes mãos trementes.
Uma vez, ao tornar
à casa, quando
erguia a aldraba, o
coração lhe fala:
— "Entra mais devagar..."
Pára, hesitando...
Nisso, nos gonzos
range a velha porta;
ri-se,
escancara-se. E ele vê na sala
a mulher como doida
e a filha morta!
DUAS ALMAS
Alceu Wamosy
Rio Grande do Sul
(1895-1923)
Ó tu, que vens de
longe, ó tu, que vens cansada,
entra, e sob este
teto encontrarás carinho:
eu nunca fui amado,
e vivo tão sozinho,
vives sozinha
sempre, e nunca foste amada...
A neve anda a
branquear, lividamente, a estrada,
e a minha alcova
tem a tepidez de um ninho.
Entra, ao menos até
que as curvas do caminho
se banhem no
esplendor nascente da alvorada.
E amanhã, quando a
luz do sol dourar, radiosa,
essa estrada sem
fim, deserta, imensa e nua,
podes partir de
novo, ó nômade formosa!
Já não serei tão
só, nem irás tão sozinha:
há de ficar comigo
uma saudade tua,
hás de levar
contigo uma saudade minha...
HÃO DE CHORAR POR
ELA OS CINAMOMOS...
Alphonsus de
Guimaraens
Minas Gerais (1870-1921)
Hão de chorar por
ela os cinamomos,
murchando as flores
ao tombar do dia.
Dos laranjais
hão-de cair os pomos,
lembrando-se
daquela que os colhia.
As estrelas dirão: — "Ai! nada somos,
pois ela se morreu
silente e fria"...
E, pondo os olhos
nela como pomos,
hão-de chorar a
irmã que lhes sorria.
A Lua, que lhe foi
mãe carinhosa,
que a viu nascer e
amar, há-de envolvê-la
entre lírios e
pétalas de rosa.
Os meus sonhos de
amor serão defuntos...
E os arcanjos dirão
no azul, ao vê-la,
pensando em mim: — "Por que não vieram
juntos?"
ESTELA E NIZE
Alvarenga Peixoto
Rio de Janeiro
(1744-1793)
Eu vi a linda
Estela e, namorado,
fiz logo eterno
voto de querê-la;
mas vi depois a
Nize, e a achei tão bela,
que merece
igualmente o meu cuidado.
A qual escolherei,
se neste estado
não posso
distinguir Nize de Estela?
Se Nize vier aqui,
morro por ela;
se Estela agora
vier, fico abrasado.
Mas, ah! que aquela
me despreza amante,
pois sabe que estou
preso em outros braços,
e esta não me quer,
por inconstante.
Vem, Cupido,
soltar-me destes laços:
— faze de dois semblantes um
semblante,
ou divide o meu
peito em dois pedaços.
PÁLIDA, À LUZ DA
LÂMPADA SOMBRIA
Álvares de Azevedo
São Paulo (1831-1852)
Pálida, à luz da
lâmpada sombria,
sobre o leito de
flores reclinada,
como a Lua por
noite embalsamada,
entre as nuvens do
amor ela dormia!
Era a virgem do
mar, na escuma fria
pela maré das águas
embalada!
Era um anjo entre
nuvens de alvorada,
que em sonhos se
banhava e se esquecia!
Era mais bela! o
seio palpitando...
Negros olhos as
pálpebras abrindo...
Formas nuas no
leito resvalando...
Não te rias de mim
meu anjo lindo!
Por ti — as noites eu velei chorando,
por ti — nos sonhos morrerei sorrindo!
SONHO DE AMOR
Amadeu Amaral
São Paulo
(1875-1929)
Tudo isto há de
passar, de certo, muito em breve...
Branca névoa sutil,
ir-se-á quando o sol nasça;
branco sonho de
amor, passará, como passa
pelas ondas em
fúria uma garça de neve.
Passará dentro em
pouco, imitando a fumaça
que se evola e se
esvai nas curvas que descreve.
Fumaça de ilusão,
força é que o vento a leve,
força é que o vento
a leve, e disperse, e desfaça.
Que importa! Uma
ilusão que nos alegra e afaga
há de ser sempre
assim, no mar bravo da vida,
como a espuma que
fulge e morre sobre a vaga.
Esta me há de
fugir, esta que hoje me inflama!
E antes vê-la fugir
como uma luz perdida
que possuí-la na
mão como um pouco de lama...
MAL DE AMOR
Ana Amélia
Rio de Janeiro
(1896-1971)
Toda pena de amor,
por mais que doa,
no próprio amor
encontra recompensa.
As lágrimas que
causa a indiferença,
seca-as depressa
uma palavra boa.
A mão que fere, o
ferro que agrilhoa,
obstáculos não são
que Amor não vença.
Amor transforma em
luz a treva densa;
por um sorriso Amor
tudo perdoa.
Ai de quem muito
amar, não sendo amado,
e, depois de sofrer
tanta amargura,
pela mão que o
feriu não for curado...
Noutra parte há de,
em vão, buscar ventura:
— fica-lhe o coração despedaçado,
que o mal de Amor
só nesse Amor tem cura.
A CEGONHA
Aníbal Teófilo
Fortaleza de
Humaitá, Paraguai (1873)
Rio de Janeiro
(1915)
Em solitária,
plácida cegonha.
imersa num cismar
ignoto e vago,
num fim de ocaso, à
beira azul de um lago,
sem tristeza, quem
há que os olhos ponha?
Vendo-a, Senhora,
vossa mente sonha.
Talvez que o conde
de um palácio mago
loura fada
perversa, em tredo afago,
mudou nessa
pernalta erma e tristonha.
Mas eu que, em prol
da Luz, do pétreo e denso
véu do Ser ou
Não-Ser, tento a escalada,
qual morosa, tenaz,
paciente lesma,
ao vê-la assim,
mirar-se na água, penso
ver a Dúvida humana
debruçada
sobre a angústia
infinita de si mesma!
O CRISTO DE MARFIM
Antero Bloem
São Paulo
(1878-1919)
Quando depões sobre
o teu Cristo amado,
— esse Cristo que pende de teu peito,
ungido de ternura e
de respeito —
um beijo de teu
lábio imaculado,
eu, sacrílego,
sinto-me levado
— ou seja por inveja, ou por despeito
—
a arrebatar o
Cristo de teu peito
e em teu peito
morrer crucificado.
Mas, quando vejo,
do teu lábio crente,
cair sobre o Jesus
a prece ardente,
talvez por nosso
amor, talvez por mim,
ardo na chama
intensa dos desejos
de, arrependido,
sufocar meus beijos
nesse teu alvo
Cristo de Marfim.
CONTRASTE
Antônio Tomás (Padre)
Ceará (1868-1941)
Quando partimos, no
verdor dos anos,
da vida pela
estrada florescente,
as esperanças vão
conosco à frente,
e vão ficando atrás
os desenganos.
Rindo e cantando,
céleres e ufanos,
vamos marchando
descuidosamente...
Eis que chega a
velhice, de repente,
desfazendo ilusões,
matando enganos.
Então, nós
enxergamos, claramente,
como a existência é
rápida e falaz,
e vemos que sucede
exatamente
o contrário dos
tempos de rapaz:
— Os desenganos vão conosco à frente
e as esperanças vão
ficando atrás.
ARRUFOS
Artur Azevedo
Maranhão
(1855-1908)
Não há no mundo
quem amantes visse
que se quisessem,
como nos queremos.
Um dia, uma
questiúncula tivemos,
por um simples
capricho, uma tolice.
— "Acabemos com isto!" — ela me disse,
e eu respondi-lhe
assim: — "Pois
acabemos!"
E fiz o que se faz
em tais extremos:
tomei do meu chapéu
com fanfarrice;
e, tendo um gesto
de desdém profundo,
saí,
cantarolando... (Está bem visto
que a forma, aí,
contrafazia o fundo).
Escreveu-me...
Voltei. Nem Deus, nem Cristo,
nem minha mãe,
volvendo agora ao mundo,
eram capazes de
"acabar com isto"!
CRIME
Assunção Filho (João
de Queiroz Assunção Filho)
Ilustrado senhor,
ficai ciente
de um crime
cometido há poucos anos:
Meu triste coração,
um pobre doente,
que da vida provara
os desenganos,
foi um dia ferido
mortalmente
por dois olhos
perversos, dois tiranos,
que vivem até hoje,
impunemente
soltos, causando os
mais atrozes danos.
O suplicante, que é
o advogado
da vítima, e,
portanto, interessado
nesse processo que
um mistério exprime,
em nome da Justiça,
pede, humilde.
mandeis prender os
olhos de Matilde,
que são autores do
nefando crime.
VERSOS ÍNTIMOS
Augusto dos Anjos
Paraíba (1884-1914)
Vês? Ninguém
assistiu ao formidável
enterro de tua
última quimera.
Somente a
Ingratidão — esta pantera —
foi tua companheira
inseparável!
Acostuma-te à lama
que te espera!
O Homem, que, nesta
terra miserável,
mora entre feras,
sente inevitável
necessidade de
também ser fera.
Toma um fósforo.
Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a
véspera do escarro,
a mão que afaga é a
mesma que apedreja.
Se a alguém causa
inda pena a tua chaga,
apedreja essa mão
vil que te afaga,
escarra nessa boca
que te beija!
VANDALISMO
Augusto dos Anjos
Paraíba (1884-1914)
Meu coração tem
catedrais imensas,
templos de priscas
e longínquas datas,
onde um nume de
amor, em serenatas,
canta a aleluia
virginal das crenças.
Na ogiva fúlgida e
nas colunatas
vertem lustrais
irradiações intensas,
cintilações de
lâmpadas suspensas
e as ametistas e os
florões e as pratas.
Como os velhos
Templários medievais,
entrei um dia
nessas catedrais
e nesses templos
claros e risonhos...
E, erguendo os
gládios e brandindo as hastas,
no desespero dos
iconoclastas,
quebrei a imagem
dos meus próprios sonhos!
A SERENATA
Augusto de Lima
Minas Gerais
(1860-1934)
Plenilúnio de maio
em montanhas de Minas!
Canta, ao longe,
uma flauta e um violoncelo chora,
Perfuma-se o luar
nas flores das campinas,
sutiliza-se o aroma
em languidez sonora.
Ao doce
encantamento azul das cavatinas,
nessas noites de
luz mais belas do que a aurora,
as errantes visões
das almas peregrinas
vão voando a cantar
pela amplidão afora...
E chora o
violoncelo, e a flauta, ao longe, canta.
Das montanhas,
brilhando, a névoa se levanta,
banhada de luar, de
sonhos, de harmonia.
Com profano rumor,
porém, desponta o dia;
e, na última porção
da névoa transparente,
a flauta e o
violoncelo expiram lentamente.
BERÇO
B. Lopes
Rio Bonito, RJ (1859-1916)
Recordo: um largo
verde e uma igrejinha,
um sino, um rio, um
pontilhão e um carro
de três juntas
bovinas, que ia e vinha
rinchando, alegre,
carregando barro.
Havia a escola, que
era azul e tinha
um mestre mau, de
assustador pigarro...
(Meu Deus! que é
isto? que emoção a minha.
quando estas cousas
tão singelas narro?)
'Seu"
Alexandre. um bom velhinho rico
que hospedara a
Princesa; o tico-tico,
que me acordava de
manhã, e a serra
com o seu nome de
amor: Boa Esperança...
Eis tudo quanto
guardo na lembrança
da minha pobre e
pequenina terra!
O FRADE E A FREIRA
Benjamim Silva
Espírito Santo
(1897-1954)
Na atitude piedosa
de quem reza
e como que num
hábito embuçado.
pôs naquele recanto
a natureza
a figura de um
frade recurvado.
E sob um negro
manto de tristeza
vê-se uma freira
tímida a seu lado,
que vive ali
rezando, com certeza,
uma oração de amor
e de pecado...
Diz a lenda — uma lenda que espalharam —
que aqui. dentre os
antigos habitantes,
houve um frade e
uma fieira que se amaram. . .
Mas que Deus os
perdoou lá do infinito,
e eternizou o amor
dos dois amantes
nessas duas
montanhas de granito!
LÁGRIMAS
Bento Ernesto
Júnior
Minas Gerais (1866-1934)
A vida, meu amor,
que hoje passamos
só pode ser com
lágrimas descrita,
tão grande a dor
que o peito nos habita,
tão amargo este fel
que hoje provamos.
Tão nublados de
lágrimas levamos
os olhos, sob o
peso da desdita,
que tudo que ante
nós vive e palpita,
tudo inundado em
lágrimas julgamos.
E todo esse lutuoso
mar de pranto,
que vemos em nossa
alma e em tudo vemos,
nasce de havermos
nos amado tanto!...
Porém, embora a
amar, tanto soframos,
cada vez mais,
amada, nos queremos,
cada vez mais,
querida, nos amamos.
DULCE
Castro Alves
Bahia (1847-1871)
Se houvesse ainda
talismã bendito
que desse ao
pântano — a corrente pura,
musgo — ao rochedo, festa — à sepultura,
das águias negras — harmonia ao grito...
Se alguém pudesse
ao infeliz precito
dar lugar no
banquete da ventura...
E trocar-lhe o
velar da insônia escura
no poema dos beijos
— infinito...
Certo... serias tu,
donzela casta,
quem me tomasse em
meio do Calvário
a cruz de angústia
que o meu ser arrasta!...
Mas se tudo
recusa-me o fadário,
na hora de expirar,
ó Dulce, basta
morrer beijando a
cruz de teu rosário!...
PAI JOÃO
Ciro Costa
São Paulo
(1879-1937)
Do taquaral à
sombra, em solitária furna,
para onde, com
tristeza, o olhar, curioso, alongo,
sonha o negro,
talvez, na solidão noturna,
com os límpidos
areais das solidões do Congo...
Ouve-lhe a noite a
voz nostálgica e soturna,
num suspiro de
amor, num murmurejo longo...
E o rouco, surdo
som, zumbindo na cafurna,
é o urucungo a
gemer, na cadência do jongo...
Bendito sejas tu, a
quem, certo, devemos
a grandeza real de
tudo quanto temos!
Sonha em paz! Sê
feliz! E que eu fique de joelhos,
sob o fúlgido céu,
a relembrar, magoado,
que os frutos do
café são glóbulos vermelhos
do sangue que
escorreu do negro escravizado!
SER MÃE
Coelho Neto
Maranhão (1864-1934)
Ser mãe é desdobrar
fibra por fibra
o coração! Ser mãe
é, ter no alheio
lábio, que suga, o
pedestal do seio,
onde a vida, onde o
amor cantando vibra.
Ser mãe é ser um
anjo que se libra,
sobre um berço
dormindo! É ser anseio,
é ser temeridade, é
ser receio,
é ser força que os
males equilibra!
Todo bem que a mãe
goza é bem do filho,
espelho em que se
mira afortunada,
luz que lhe põe nos
olhos novo brilho!
Ser mãe é andar
chorando num sorriso!
Ser mãe é ter um
mundo e não ter nada!
Ser mãe é padecer
num paraíso!...
ACROBATA DA DOR
Cruz e Sousa
Santa Catarina
(1861-1898)
Gargalha, ri, num
riso de tormenta,
como um palhaço
que, desengonçado,
nervoso, ri, num
riso absurdo, inflado
de uma ironia e de
uma dor violenta.
De gargalhada
atroz, sanguinolenta,
agita os guizos e,
convulsionado,
salta, gavroche,
salta, "clown", varado
pelo estertor dessa
agonia lenta.
Pedem-te bis e um
bis não se despreza!
Vamos! retesa os
músculos, retesa
nessas macabras
piruetas de aço.
E embora caias
sobre o chão, fremente,
afogado em teu
sangue estuoso e quente,
ri, Coração,
tristíssimo palhaço!
AMOR MATERNO
Cyridião Durval
Alagoas (1860-1895)
Isaura, a mais
cruel de todas as perdidas,
entre os braços de
Fausto, o mísero rapaz,
disse um dia a
sorrir: — "Quem ama
tudo faz...
Exijo deste amor as
provas decididas".
— "Pede tudo, mulher, se queres
destruídas
as dúvidas que
tens; ordena e então verás
se tenho amor ou
não: de tudo eu sou capaz...
Por ti arrancarei
milhões, milhões de vidas'
E a Dalila soltou
estrídula risada...
Disse a Fausto: — "Pois bem, se tu não temes
nada,
quero de tua mãe
tragar o coração!"
E o louco foi
buscar... De volta, no caminho,
tropeçou e caiu. .
. Disseram-lhe baixinho:
— 'Magoaste-te, meu filho?... Aceita
o meu perdão!"
SAUDADE
Da Costa e Silva
Piauí (1885-1950)
Saudade! Olhar de
minha mãe rezando,
e o pranto lento
deslizando em fio...
Saudade! Amor da
minha terra... O rio
cantigas de águas
claras soluçando.
Noites de junho...
O caboré com frio,
ao luar, sobre o
arvoredo, piando, piando...
E, ao vento, as
folhas lívidas cantando
a saudade imortal de
um sol de estio.
Saudade! Asa de dor
do Pensamento!
Gemidos vãos de
canaviais ao vento...
As mortalhas de
névoa sobre a serra...
Saudade! O Parnaiba
— velho monge
as barbas brancas
alongando... E, ao longe,
o mugido dos bois
da minha terra...
ATO DE CARIDADE
Djalma Andrade
Minas Gerais
(1894-1975)
Que eu faça o bem e
de tal modo o faça,
que ninguém saiba o
quanto me custou.
— Mãe, espero de Ti mais esta graça:
que eu seja bom,
sem parecer que o sou.
Que o pouco que me
dês, me satisfaça
e, se do pouco
mesmo, algum sobrou,
que eu leve esta
migalha onde a desgraça
inesperadamente
penetrou.
Que a minha mesa, a
mais, tenha um talher,
que será, minha
Mãe, Senhora Nossa,
para o pobre
faminto que vier.
Que eu transponha
tropeços e embaraços:
— que eu não coma, sozinho, o pão que
possa
ser partido, por
mim, em dois pedaços!
NOITE DE INSÔNIA
Emílio de Menezes
Paraná (1867-1918)
Este leito que é o
meu, que é o teu, que é o nosso leito,
onde este grande
amor floriu, sincero e justo,
e unimos, ambos
nós, o peito contra o peito,
ambos cheios de
anelo e ambos cheios de susto;
este leito que aí
está revolto assim, desfeito,
onde humilde beijei
teus pés, as mãos, o busto,
na ausência do teu
corpo a que ele estava afeito.
mudou-se, para mim,
num leito de Procusto!..,
Louco e só!
Desvairado! — A noite vai sem
termo
e, estendendo, lá
fora, as sombras augurais,
envolve a Natureza
e penetra o meu ermo.
E mal julgas
talvez, quando, acaso, te vais.
quanto me punge e
corta o coração enfermo,
este horrível temor
de que não voltes mais!...
ESTRANHAS LÁGRIMAS
Félix Pacheco
Piauí (1879-1935)
Lágrimas... Noutras
épocas verti-as.
Não tinha o olhar
enxuto, como agora.
— Alma, dizia então comigo, chora,
que o pranto diminui
as agonias.
Ah! Quantas vezes
pelas faces frias,
por mal do meu
amor, que se ia embora.
gota a gota,
rolando, elas, outrora,
marcaram noites e
marcaram dias!
Vinham do oceano da
alma, imenso e fundo,
ondas de angústia,
em suspiroso arranco,
numa desesperança
acerba e louca.
Nos olhos, hoje, as
lágrimas estanco,
mas rolam todas,
sem que as veja o mundo,
sob a forma de
risos, pela boca.
ESTUDO ANATÔMICO
Fontoura Xavier
Rio Grande do Sul (1856-1922)
Entrei no
anfiteatro da ciência,
atraído por mera
fantasia,
e aprouve-me
estudar Anatomia,
por dar um novo
pasto à inteligência.
Discorria com toda
a sapiência
o lente, numa mesa
onde jazia
uma imóvel matéria,
úmida e fria,
a que outrora
animara humana essência.
Fora uma meretriz;
o rosto belo
pude tímido olhá-lo
com respeito
por entre as negras
ondas de cabelo.
A convite do lente,
contrafeito,
rasguei-a com a
ponta do escalpelo
e não vi coração
dentro do peito!
MORRER... DORMIR...
Francisco Otaviano
Rio de Janeiro
(1825-1889)
Morrer... dormir...
não mais! Termina a vida
e com ela terminam
nossas dores:
um punhado de
terra, algumas flores,
e às vezes uma
lágrima fingida!
Sim! Minha morte
não será sentida;
não deixo amigos, e
nem tive amores,
ou, se os tive,
mostraram-se traidores,
algozes vis de uma
alma consumida.
Tudo é pobre no
mundo. Que me importa
que ele amanhã se
esb'roe e que desabe,
se a natureza para
mim é morta!
É tempo já que o
meu exílio acabe...
Vem, pois, ó Morte,
ao nada me transporta!
Morrer... dormir...
talvez sonhar... quem sabe?
BEIJOS
Guilherme de
Almeida
São Paulo
(1890-1969)
Não queres que eu
te beije! E o beijo é a própria vida:
a invenção mais
divina e humana do Senhor;
é o fogo em que se
abrasa uma alma a outra alma unida;
é o prólogo e
também o epílogo do amor!
A lua beija o mar,
nas ondas refletida;
o sol, beijando o
céu, reveste-o de esplendor;
num beijo o orvalho
alenta a planta emurchecida,
e a borboleta suga
o mel beijando a flor...
Deixa que o meu
amor expanda os seus desejos,
beijando os lábios
teus sem nunca se fartar!
Chega ao meu
coração, escuta-lhe os latejos!
A boca perfumada, ó
deixa-me beijar!
Porque somente
amando é que se trocam beijos
e porque só
beijando é que se aprende a amar!
LONGE DA VISTA
Guilherme de
Almeida
São Paulo
(1890-1969)
Vou partir, vais
ficar. "Longe da vista,
longe do
coração" — diz o ditado.
Basta, porém, que o
nosso amor exista,
para que eu parta e
fiques sem cuidado.
Dentro em mim
mesmo, o coração egoísta,
quanto mais longe,
mais te quer ao lado;
tanto mais te ama,
quanto mais te avista
e, antes de ver-te,
já te havia amado.
Vou partir. Para
longe? Para perto?
— Não sei: longe de ti tudo é deserto
e todas as
distâncias são iguais.
Como eu quisera
que, na despedida,
quando se unissem
nossas mãos, querida,
nunca pudessem
desunir-se mais!
TEU LENÇO
Guimarães Passos
Alagoas (1867-1909)
Esse teu lenço, que
possuo e aperto
de encontro ao
peito, quando durmo, creio
que hei-de, um dia,
mandar-to, pois roubei-o
e foi meu crime, em
breve, descoberto.
Luto, contudo, a
procurar quem certo
possa nisto servir-me
de correio;
tu nem calculas
qual o meu receio
se, em caminho, te
fosse o lenço aberto...
Porém, ó minha
vivida quimera,
fita as bandas que
habito; fita e espera,
que, enfim, verás,
em trêmulos adejos,
em cada ponta um
beija-flor pegando,
ir o teu lenço pelo
espaço voando,
pando, enfunado,
côncavo de beijos!
SOLENEMENTE
Hermes Fontes
Sergipe (1888-1930)
Juro por tudo
quanto é jura... juro
por mim, por ti,
por nós, por Jesus Cristo,
que hei-de
esquecer-te! Vês? Estou seguro
contra o teu sólio,
a cuja queda assisto.
E, visto que
duvidas tanto, visto
que ris do que,
solene, te asseguro,
juro mais: pelo ser
em que consisto,
por meu passado,
pelo teu futuro!
Pela Virgem Maria
concebida,
pelas venturas de
que vou no encalço,
por minha vida,
pela tua vida...
Juro por tudo o que
mais amo e exalço!
E depois de uma
jura tão comprida,
juro... juro que
estou jurando falso!!...
BUENA-DICHA
Hermes Fontes
Sergipe (1888-1930)
Olhou-me a
pitonisa, olhou-me e disse:
— "Brilharás. Amarás. E
sofrerás".
Eu ia, então, na
minha meninice
inquieta, há cerca
de vintênio atrás.
E, tal se por
sabê-lo, eu antevisse
o predestino
esplêndido e mendaz,
quis brilhar, quis
amar... quis que a Velhice
não me recriminasse
de ações más.
Para brilhar — busquei a glória, na arte.
Para amar — procurei o bem no afeto.
Para sofrer — levei a Cruz e o Andor.
Mas a glória
falhou. Por sua parte,
mentiu-me o Amor,
tudo mentiu... exceto
a doce mãe dos
imortais — a Dor!
SANTA
Hermeto Lima
Pará (1875-1947)
Essa que passa por
aí, senhores,
de olhos castanhos
e fidalgo porte,
é a princesa ideal
dos meus amores,
a mais franzina
pérola do Norte.
Contam que, numa
noite de esplendores,
a essa que esmaga o
coração mais forte
hinos cantaram e
jogaram flores
as estrelas, em
mágico transporte.
Acreditais, talvez,
ser fantasia!...
Eu vos direi que
não... Em certo dia,
quando ela entrou
na festival capela,
eu vi a Virgem
mergulhada em pranto,
e o Cristo de
Marfim fitá-la tanto,
como se fosse
apaixonado dela!
DE VOLTA
Jayme Guimarães
Rio de Janeiro
(1873-...)
Fomos... E quem nos
visse pensaria:
— Que almas felizes! que casal
ditoso!
— Como ele vai a estremecer de gozo!
— E ela, como é formosa! que alegria!
Voltei sozinho e ao
meu passar ouvia:
— Que olhar magoado!... Como vai
choroso!
E uma voz que
sangrou meu peito ansioso:
— Louco daquele que no Amor confia!
Falena! a luz de um
riso eis-te perdido!
Foste cheio de Fé,
voltas descrido,
e o desengano teu
caminho junca...
— "Hás de esquecê-la"! ouvi
dizer ao lado...
Meu coração responde,
estrangulado:
— Odiá-la, sim, mas esquecê-la,
nunca!
O ACENDEDOR DE LAMPIÕES
Jorge de Lima
Alagoas (1895-1953)
Lá vem o acendedor
de lampiões da rua!
Esse mesmo que vem,
invariavelmente,
parodiar o sol e
associar-se à lua,
quando a sombra da
noite enegrece o poente.
Um, dois, três
lampiões acende e continua
outros mais a
acender, imperturbavelmente,
à medida que a
noite, aos poucos, se acentua
e a palidez da lua
apenas se pressente.
Triste ironia atroz
que o senso humano irrita!
Ele, que doura a
noite e ilumina a cidade,
talvez não tenha
luz na choupana que habita.
Tanta gente também
nos outros insinua
crenças, religião,
amor, felicidade,
como esse acendedor
de lampiões da rua!
OS CISNES
Júlio Salusse
Bom Jardim, RJ (1872-1948)
A vida, manso lago
azul, algumas
vezes, algumas
vezes mar fremente,
tem sido, para nós,
constantemente,
um lago azul, sem
ondas, sem espumas.
Sobre ele, quando,
desfazendo as brumas
matinais, rompe um
sol vermelho e quente,
nós dois vagamos,
indolentemente,
como dois cisnes de
alvacentas plumas.
Um dia, um cisne
morrerá, por certo:
Quando chegar esse
momento incerto,
no lago, onde
talvez a água se tisne,
que o cisne vivo,
cheio de saudade,
nunca mais cante,
nem sozinho nade,
nem nade nunca ao
lado de outro cisne!...
O CANHÃO
Luiz Carlos
Rio de Janeiro (1880-1932)
Guardando uma
expressão de austera indiferença
por tudo que o
circunda, atento no Infinito,
queda-se a meditar
no destino maldito,
que prende a sua
glória a uma tragédia imensa.
Não há poder algum
que tão de vez convença:
traz sempre a boca
aberta a sugerir um grito,
deixando, em toda a
parte, um pânico inaudito,
— sinistro núncio, que é, da máxima
sentença.
Mal resiste no peso
ao bélico transporte,
na inversão do seu
fim, como que, por encanto,
lembrando um
condenado a rastros para a morte.
E parece, afinal,
compenetrar-se tanto
do seu delito
atroz, que, em repulsão mais forte,
quando atira,
recua, enchendo-se de espanto!
CADÁVER DE VIRGEM
Luiz Delfino
Santa Catarina
(1834-1910)
Estava no caixão,
como num leito.
palidamente fria e
adormecida:
as mãos cruzadas
sobre o casto peito,
e, em cada olhar
sem luz, um sol sem vida.
Pés atados com fita
em nó perfeito,
de roupas alvas de
cetim vestida;
o torso duro,
rígido, direito,
a face calma,
lânguida, abatida...
O diadema das
virgens sobre a testa,
níveo lírio entre
as mãos, toda enfeitada,
mas como noiva, que
cansou da festa...
Por seis cavalos
brancos arrancada...
Onde irás tu dormir
a longa sesta
na mole cama em que
te vi deitada?!...
OLHOS TRISTES
Luiz Edmundo
Rio de Janeiro
(1878-1961)
Olhos tristes, que
são como dois sóis num poente,
cansados de luzir,
cansados de girar;
olhos de quem andou
na vida, alegremente,
para depois sofrer,
para depois chorar...
Andam neles agora,
a vagar, lentamente,
como as velas das
naus sobre as águas do mar,
todas as ilusões do
vosso sonho ardente...
Olhos tristes, vós
sois dois monges a rezar.
Ouço, ao ver-vos
assim, tão cheios de humildade,
marinheiros
cantando a canção da saudade,
num coro de
tristeza e de infinitos ais...
Olhos tristes, eu
sei vossa história sombria,
e sei quanto
chorais, cheios de nostalgia,
o sonho que passou
e que não torna mais!
OLHOS ALEGRES
Luiz Edmundo
Rio de Janeiro
(1878-1961)
Há uma lágrima,
sempre, atenta em nossos olhos:
branca, redonda,
clara, adamantina, pura;
e, assim como no
mar os traiçoeiros escolhos,
ela, escondida, a
flor das pálpebras procura.
E, aí fica parada;
os íntimos refolhos
da nossa alma
reflete, e, quando uma ventura
em riso nos
entreabre os lábios, com doçura,
ela, a lágrima,
fica a nos tremer nos olhos.
Tu, que és moça e
que ris, e não sabes da mágoa
do mundo, tem
cuidado! Olha essa gota d'água;
se não queres, da
vida, achar-te entre os abrolhos,
ri, mas ri devagar,
que a lágrima traiçoeira,
talvez, vendo-te
rir assim, dessa maneira,
trema e caia,
afinal, um dia dos teus olhos!
VISITA À CASA
PATERNA
Luiz Guimarães
Júnior
Rio de Janeiro
(1845-1898)
Como a ave que
volta ao ninho antigo,
depois de um longo
e tenebroso inverno,
eu quis também
rever o lar paterno,
o meu primeiro e
virginal abrigo.
Entrei. Um gênio
carinhoso e amigo,
o fantasma, talvez,
do amor materno,
tomou-me as mãos,
olhou-me grave e terno,
e, passo a passo,
caminhou comigo.
Era esta a sala...
(O se me lembro! e quanto!)
em que da luz
noturna à claridade,
minhas irmãs e
minha mãe... O pranto
jorrou-me em
ondas... Resistir quem há-de?
— Uma ilusão gemia em cada canto,
chorava em cada canto
uma saudade...
BILHETE DE DOENTE
Luiz Pistarini
Resende, RJ
(1877-1918)
Recebi, minha flor,
com muito agrado,
o mimo e mais os
beijos, que agradeço;
beijos... de longe,
que outros não mereço,
principalmente
neste triste estado!
Ah! nem sabes,
talvez, quanto padeço!
Mas, vivo agora tão
desalentado,
que, com o mínimo
excesso, empalideço,
desmaio e tombo,
exânime e prostrado...
Não me visites,
pois. Não! Tem paciência!
Ninguém resiste à
tentação que adora,
e o doutor me
proíbe essa imprudência...
Perdoa; mas,
dispenso-te a visita:
— Para quem sofre, como eu sofro
agora,
faz muito mal uma
mulher bonita!
CÍRCULO VICIOSO
Machado de Assis
Rio de Janeiro
(1839-1908)
Bailando no ar,
gemia inquieto vagalume:
— "Quem me dera que eu fosse
aquela loura estrela
que arde no eterno
azul, como uma eterna vela!"
Mas a estrela,
fitando a lua, com ciúme:
—"Pudesse eu copiar o
transparente lume
que, da grega
coluna à gótica janela,
contemplou,
suspirosa, a fronte amada e bela!"
Mas a lua, fitando
o sol, com azedume:
— "Mísera! tivesse eu aquela
enorme, aquela
claridade imortal
que toda a luz resume!"
Mas o sol,
inclinando a rútila capela:
— "Pesa-me esta brilhante
auréola de nume...
Enfara-me esta azul
e desmedida umbela...
Por que não nasci
eu um simples vagalume?"
FORMOSA
Maciel Monteiro
Pernambuco (1804-1868)
Formosa, qual
pincel em tela fina
debuxar jamais pôde
ou nunca ousara;
formosa, qual
jamais desabrochara
na primavera a rosa
purpurina;
formosa, qual se a
própria mão divina
lhe alinhara o
contorno e a forma rara;
formosa, qual no
céu jamais brilhara
astro gentil,
estrela peregrina;
formosa, qual se a
natureza e a arte,
dando as mãos em
seus dons, em seus lavores,
jamais pôde imitar
no todo ou parte;
mulher celeste, ó
anjo de primores!
Quem pode ver-te,
sem querer amar-te?
Quem pode amar-te,
sem morrer de amores?!
SUAVE CAMINHO
Mário Pederneiras
Rio de Janeiro
(1868-1915)
Assim... Ambos
assim, no mesmo passo,
iremos percorrendo
a mesma estrada;
tu — no meu braço trêmulo amparada,
eu — amparado no teu lindo braço.
Ligados neste
arrimo, embora escasso,
venceremos as urzes
da jornada.
E tu — te sentirás menos cansada,
e eu — menos sentirei o meu cansaço.
E, assim, ligados
pelos bens supremos,
que para mim o teu
carinho trouxe,
placidamente pela
vida iremos,
calcando mágoas, afastando
espinhos.
como se a escarpa
desta vida fosse
o mais suave de
todos os caminhos.
O SONHO DOS SONHOS
Múcio Teixeira
Rio Grande do Sul
(1858-1926)
Quanto mais lanço
as vistas ao passado,
mais sinto ter
passado distraído,
por tanto bem — tão mal compreendido,
por tanto mal — tão bem recompensado!...
Em vão relanço o
meu olhar cansado
pelo sombrio espaço
percorrido:
andei tanto — em tão pouco... e já perdido
vejo tudo o que vi,
sem ter olhado.
E assim prossigo,
sempre audaz e errante,
vendo o que mais
procuro mais distante,
sem ter nada — de tudo que já tive...
Quanto mais lanço
as vistas ao passado,
mais julgo a vida — o sonho mal sonhado
de quem nem sonha
que a sonhar se vive!...
ÚNICA
Nilo Bruzzi
Minas Gerais
(1897-1976)
No turbilhão da
vida quotidiana,
há sempre um rosto
oculto de mulher...
Há, no tumulto da
existência humana,
alguém que a gente
quis e que ainda quer...
E, numa sede de
paixão insana,
cego e humilhado,
aceita outra qualquer,
mas sem íntimo
ardor, de alma profana,
porque a alma nem
acordará sequer...
E vão passando
assim, uma por uma,
mulheres e
mulheres, como vieram,
sem depois
despertar saudade alguma...
Triste de quem,
como eu, vê que, infeliz.
teve todas aquelas
que o quiseram.
mas nunca teve
Aquela que ele quis!...
OUVIR ESTRELAS
Olavo Bilac
Rio de Janeiro (1865-1918)
"Ora (direis)
ouvir estrelas! Certo,
perdeste o
senso!" E eu vos direi, no entanto,
que, para ouvi-las,
muita vez desperto
e abro as janelas,
pálido de espanto...
E conversamos toda
a noite, enquanto
a Via-Láctea, como
um pálio aberto,
cintila. E, ao vir
do sol, saudoso e em pranto,
inda as procuro
pelo céu deserto.
Direis agora: — "Tresloucado amigo!
Que conversas com
elas? Que sentido
tem o que dizem,
quando estão contigo?"
E eu vos direi. —"Amai para entendê-las!
Pois só quem ama
pode ter ouvido
capaz de ouvir e de
entender estrelas".
VIRGENS MORTAS
Olavo Bilac
Rio de Janeiro
(1865-1918)
Quando uma virgem
morre, uma estrela aparece,
nova, no velho
engaste azul do firmamento:
e a alma da que
morreu, de momento em momento,
na luz da que
nasceu palpita e resplandece.
Ó vós, que, no
silêncio e no recolhimento
do campo,
conversais a sós, quando anoitece,
cuidado! — o que dizeis, como um rumor de
prece,
vai sussurrar no
céu, levado pelo vento...
Namorados, que
andais com a boca transbordando
de beijos,
perturbando o campo sossegado
e o casto coração
das flores inflamando,
— piedade! elas vêem tudo entre as
moitas escuras...
Piedade! esse
impudor ofende o olhar gelado
das que viveram
sós, das que morreram puras!
O ENTERRO DA
CIGARRA
Olegário Mariano
Pernambuco
(1889-1958)
As formigas
levavam-na... Chovia...
Era o fim... Triste
outono fumarento!...
Perto, uma fonte,
em suave movimento,
cantigas de água
trêmula carpia.
Quando eu a
conheci, ela trazia
na voz um triste e
doloroso acento.
Era a cigarra de
maior talento,
mais cantadeira
desta freguesia.
Passa o cortejo
entre árvores amigas...
Que tristeza nas
folhas... Que tristeza!
Que alegria nos
olhos das formigas!...
Pobre cigarra!
Quando te levavam,
enquanto te chorava
a Natureza,
tuas irmãs e tua
mãe cantavam...
QUEM TINHA VINDO
PARA SER ESCRAVA...
Onestaldo de
Pennafort
Caldas, RJ (1902-1987)
Ela chegou,
chegou-se a mim... E disse
que tinha vindo
para ser escrava.
E eu respondi-lhe
que era uma tolice
aquela frase que
ela murmurava.
Lembrei-lhe a
triste história de Belkiss...
E ela, sem dar
ouvido ao que escutava,
fechou os olhos...
E, num beijo, disse
que tinha vindo
para ser escrava.
E eu, num gesto de
pura maluquice,
ao vê-la assim tão
cheia de meiguice,
abri os braços para
a que chegava,
sem pressentir que,
por desgraça minha,
do meu destino ia
ficar rainha
quem tinha vindo
para ser escrava.
TERRA DO BRASIL
Pedro de Alcântara (D.
Pedro II)
Rio de Janeiro,
1825
Paris, 1891
Espavorida agita-se
a criança,
de noturnos
fantasmas com receio,
mas se abrigo lhe
dá materno seio,
fecha os doridos
olhos e descansa.
Perdida é para mim
toda a esperança
de volver ao
Brasil; de lá me veio
um pugilo de terra:
e nesta creio
brando será meu
sono e sem tardança.
Qual o infante a
dormir em peito amigo,
tristes sombras
varrendo da memória,
ó doce Pátria,
sonharei contigo!
E entre visões de
paz, de luz, de glória,
sereno aguardarei
no meu jazigo
a justiça de Deus
na voz da história!
OS BEIJA-FLORES
Quintino da Cunha
Ceará (1875-1943)
Dizem que os
colibris são beija-flores,
que as flores
beijam cariciosamente!
Aqui os vejo, nesta
árvore frondente,
a mais florida
desses arredores.
Fingem que as
beijam, mas de enganadores,
nesse adejar sutil
e permanente,
furtam-lhes, sábia
e cautelosamente,
o néctar, como a
luz lhes furta as cores.
A falarmos
diríamos: é triste
a vida de quem vive
porque existe...
Mas as flores
diriam, se falassem:
— Inda estamos por ver, sem que
outros vissem,
lábios que de
beijar não se iludissem,
nem olhos que de
olhar não se enganassem.
AS POMBAS
Raimundo Correia
Maranhão
(1860-1911)
Vai-se a primeira
pomba despertada...
Vai-se outra
mais... mais outra... enfim dezenas
de pombas vão-se
dos pombais, apenas
raia, sanguínea e
fresca, a madrugada...
E, à tarde, quando
a rígida nortada
sopra, aos pombais,
de novo, elas, serenas,
ruflando as asas,
sacudindo as penas,
voltam todas em
bando e em revoada...
Também dos
corações, onde abotoam,
os sonhos, um por
um, céleres voam,
como voam as pombas
dos pombais;
no azul da
adolescência as asas soltam,
fogem... Mas aos
pombais as pombas voltam,
e eles aos corações
não voltam mais!...
MAL SECRETO
Raimundo Correia
Maranhão
(1860-1911)
Se a cólera que
espuma, a dor que mora
nalma, e destrói
cada ilusão que nasce,
tudo o que punge,
tudo o que devora
o coração, no rosto
se estampasse;
se se pudesse o
espírito que chora
ver através da
máscara da face,
— quanta gente, talvez, que inveja
agora
nos causa, então
piedade nos causasse!
Quanta gente que
ri, talvez, consigo
guarda um atroz,
recôndito inimigo,
como invisível
chaga cancerosa!
Quanta gente que
ri, talvez existe,
cuja ventura única
consiste
em parecer aos
outros venturosa!
INGRATIDÃO
Raul de Leoni
Petrópolis, RJ
(1895-1926)
Nunca mais me
esqueci!... Eu era criança
e, em meu velho
quintal, ao sol-nascente,
plantei, com a
minha mão ingênua e mansa,
uma linda
amendoeira adolescente.
Era a mais rútila e
íntima esperança...
Cresceu.., cresceu
... e, aos poucos, suavemente,
pendeu os ramos
sobre um muro em frente
e foi frutificar na
vizinhança...
Daí por diante,
pela vida inteira,
todas as grandes
árvores que em minhas
terras, num sonho
esplêndido semeio,
como aquela
magnífica amendoeira,
eflorescem nas
chácaras vizinhas
e vão dar frutos no
pomar alheio...
HISTÓRIA ANTIGA
Raul de Leoni
Petrópolis, RJ
(1895-1926)
No meu grande
otimismo de inocente,
eu nunca soube
porque foi... Um dia,
ela me olhou
indiferentemente;
perguntei-lhe por
que era... Não sabia...
Desde então,
transformou-se, de repente,
a nossa intimidade
correntia
em saudações de
simples cortesia
e a vida foi
andando para a frente...
Nunca mais nos
falamos.., vai distante...
Mas, quando a vejo,
há sempre um vago instante
em que seu mudo
olhar no meu repousa...
E eu sinto, sem no
entanto compreendê-la,
que ela tenta
dizer-me qualquer cousa,
mas que é tarde
demais para dizê-la...
PERFEIÇÃO
Raul de Leoni
Petrópolis, RJ (1895-1926)
Nascemos um para o
outro, dessa argila
de que são feitas
as criaturas raras;
tens legendas pagãs
nas carnes claras,
e eu tenho a alma
dos faunos na pupila...
Às belezas heróicas
te comparas
e em mim a luz olímpica
cintila.
Gritam em nós todas
as nobres taras
daquela Grécia
esplêndida e tranqüila.
É tanta a glória
que nos encaminha
em nosso amor de
seleção profundo,
que (ouço de longe
o oráculo de Elêusis)
— se, um dia, eu fosse teu e fosses
minha.
o nosso amor
conceberia um mundo
e do teu ventre
nasceriam deuses.
LÁGRIMAS DE CERA
Raul Machado
Paraíba (1891-1954)
Quando Estela
morreu, choravam tanto!
Chovia tanto nessa
madrugada!
— Era o pranto dos seus, casado ao
pranto
da Natureza — mãe desventurada!
Ninguém podia
ver-lhe o rosto santo,
a fronte nívea, a
pálpebra cerrada,
que não sentisse,
logo, em cada canto
dos olhos, uma
lágrima engastada!
Ai! Não credes, bem
sei, porque não vistes!
Mas, quando ela
morreu, chorava tudo!
Até dois círios,
lânguidos e tristes,
acendidos á sua
cabeceira.
iam chorando, no
seu pranto mudo.
um rosário de
lágrimas de cera!
AMOR DE FILHA
SEGUNDO WANDERLEY
Rio Grande do Norte
(1860-1909)
Um pobre velho, não
importa o nome,
por um crime, talvez,
crime de Estado,
foi entregue à
Justiça e condenado
à dura sorte de
morrer de fome.
Mas rigores não há
que amor não dome...
A visitar o pai
encarcerado,
pede a filha, e
consegue, ao Magistrado
que se condói da
mágoa que a consome.
Volve um dia, mais
outro e outro ainda,
mas, apesar do
bárbaro tormento,
do delinqüente a
vida não se finda...
Rasgo de amor que
as almas maravilha:
— O pai hauria o seu estranho alento
nos fartos seios da
extremosa filha!
VELHO TEMA (1)
Vicente de Carvalho
São Paulo
(1866-1924)
Só a leve
esperança, em toda a vida,
disfarça a pena de
viver; mais nada.
Nem é mais a
existência, resumida,
que uma grande
esperança malograda.
O eterno sonho da
alma desterrada,
sonho que a traz
ansiosa e embevecida,
é uma hora feliz
sempre adiada
e que não chega
nunca em toda a vida.
Essa felicidade que
supomos,
árvore milagrosa,
que sonhamos
toda arreada de
dourados pomos,
existe, sim, mas
nós não a alcançamos,
porque está apenas
onde nós a pomos
e nunca a pomos onde nós estamos.
Uma pena...o mundo evoluiu...mas evoluçào não é sinonimo de melhoria.
ResponderExcluirJá ...pela atribulação própria da vida hodierna, a coisas que remetem à inteligencia perderam o valor...pela mesma incapacidade das juventudes mal ilustradas em entende-las.
Juventude afundada na ignorância fruto da falência do ensino tanto público quanto privado. Lamentável perceber e entender o quanto esta ignorância faz parte da manutenção do sistema político para o enriquecimento de poucos bem como garantir a estes a continuidade no Poder. Tempos sombrios...onde a ignorância é aplaudida...luta se pelo direito das minorias em um cenário no qual a maioria não entende o que lê. Elite podre...que hoje não sai das duas mansões e residem em outros países, explorando o nosso povo mal remunerado...sobrevivendo a maior parte em guetos sem sequer saneamento básico. Atualidade vergonhosa...sem amor ao próximo..na qual a banalização da violência projeta a desumanização latente. Oremos por um futuro mais digno.
ResponderExcluirSoneto ao Soneto
ResponderExcluirTeu jeito, teu encanto, a harmonia...
Tu és minha paixão; tu és meu tudo;
Tu tens tanta beleza e poesia,
Na perfeição, na forma e conteúdo.
Quero viver contigo a cada dia;
Não permitir jamais que fiques mudo;
Eu quero te compor com maestria
Com todo o meu saber e meu estudo.
Todo esse teu lirismo é uma cantiga
E o som bem ritmado é oriundo,
Da musicalidade resumida.
Tu és meu sentimento mais profundo;
A inspiração que envolve a minha vida;
A chave que abre as portas do meu mundo.
Hélio Cabral Filho