"Círculo
Vicioso", de Machado de Assis; "As pombas" e "Mal Secreto",
de Raimundo Correia; "Ouvir estrelas" e "Virgens Mortas",
de Olavo Bilac; "Essa Nega Fulô", de Jorge de Lima; são alguns dos
sonetos e poemas brasileiros que mereceram numerosas traduções para línguas
estrangeiras.
Entretanto,
os sonetos "Prova Infalível", do Padre Manuel Albuquerque, e
"Apelo", de Eno Theodoro Wanke, são casos excepcionais, pois contam
com número imensamente maior de traduções, inclusive para línguas e dialetos de
quase todo o mundo.
No
presente trabalho, vamos destacá-los:
"PROVA
INFALÍVEL"
O
soneto foi composto em 4 de março de 1949, na cidade portuguesa de Braga, onde
o autor, Padre Manuel Albuquerque (1906-1977), da Congregação do Espírito
Santo, residiu por alguns anos. E foi publicado em livro, pela primeira vez, em
"Maria, Minha Poesia" (sonetos Mariais), do autor, no Natal de 1949. Daí
por diante, passou a ser reproduzido em jornais e revistas de Portugal e do
Brasil.
A
primeira tradução foi feita para o italiano, sendo autora do trabalho a
escritora (italiana) Nera de Paula Cidade Ponsiglione. Depois, elas se
multiplicaram.
O Padre
Manuel Albuquerque relacionou 43 traduções de seu conhecimento até o fim de
1972. Traduções realizadas para 23 línguas diferentes, inclusive dialetos. São
as seguintes: em "Castelhano", 8; em "Francês", 5; em
"Latim", 5; em "Alemão", 3; em "Polonês", 3; em
"Sérvio", 2; e uma tradução para cada um dos idiomas:
"Italiano", "Inglês", "Rumeno",
"Húngaro", "Russo" (Ucrânia), "Lituano",
"Chinês" (Formosa), "Armênio", "Árabe",
"Luxemburguês",
"Neerlandês" ou "Holandês", "Língua Geral" (ou
Nheengatu), "Tiluba" (a principal Língua do Antigo Congo Belga),
"Idixe" (ou o Hebraico Moderno, língua usada pelos judeus de nossos
dias), "Esperanto", "Eclético" (espécie de Esperanto),
"Grego Moderno". (Nasceu, em 1906, no Amazonas, e faleceu, em 1977,
no Rio de Janeiro.)
A forma
definitiva do soneto, segundo afirmação do próprio autor, em seu opúsculo
"Prova Infalível", editado em 1964, sob os auspícios do Governo do
Pará, como homenagem a Nossa Senhora de Nazaré, é a seguinte:
PROVA
INFALÍVEL
Pe.
Manuel Albuquerque
Quando
eu soltar meu último suspiro;
quando
o meu corpo se tornar gelado,
e o meu
olhar se apresentar vidrado,
e
quiserdes saber se inda respiro,
eis o
melhor processo que eu sugiro:
Não
coloqueis o espelho decantado
em
frente ao meu nariz, mesmo encostado,
porque
não falha a prova que eu prefiro:
Fazei
assim: Por cima do meu peito,
do lado
esquerdo, colocai a mão,
e
procedei, seguros, deste leito:
—
Gritai "MARIA!" ao pé do meu ouvido,
e se
não palpitar meu coração,
então é
certo que eu terei morrido!
Em
castelhano:
PRUEBA
INFALIBLE
Pe.
Manuel Albuquerque
(Trad.
de Luís O'Neill de Milan)
Cuando
yo exhale el último suspiro
Y mi
cuerpo esté rígido y helado,
Y el
brillo de mis ojos apagado,
Si
queréis comprobar si aún respiro.
Tomad
sin falta este infalible giro:
Olvidad
el espeto decantado,
Porque
su prueba nunca me ha inspirado
La
confianza absoluta a que yo aspiro:
Acercáos
a mi izquierda, dulcemente,
Y
actuad asi después, tan solamente,
La mano
reposada a mi costado:
Gritad
"MARIA!" cerca de mi oído...
— Y si
mi corazón sigue dormido,
Podréis
saber que todo ha terminado...
Em
latim:
INDUBIUM
SIGNUM
Pe. Manuel Albuquerque
(Trad. de Aires de Montalbo)
(Trad. de Aires de Montalbo)
Supremum
diem mihi cum sit obeundum,
Dum
corpus undis remeatur Lethis,
Oculis
tandem tenebris repletis,
Si
mortuum me, an tantum moribundum,
Scire
pro certo denique voletis,
Ne
speculum addatur acie mundum
Ori
vincto, quo referat profundum
Ac
ultimum spiramen. Sic agetis:
Ponitè
manum super latus laevum,
Ubi
latitat cor — ah! —, cor primaevum,
Et hic
et nunc indubium signum adest:
Conclamate
"MARIA!. . " Sonu misso,
Tacito
corde in pectoris abysso,
Mortem
probate: "CONSUMMATUM EST!...
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