Portugal
POESIA
Landa
Machado
Poesia
não tem definição...
É
tudo aquilo que nos toca a alma
Folha
que o vento leva em turbilhão
As
cores dum poente em tarde calma
Um
pássaro que esvoaça em pleno céu
Um
barco que navega pelo rio
A
brancura da neve como véu
Envolvendo
em silêncio um dia frio
Poesia
é um rosto puro de criança
Um
aceno de mão cheio de esperança
Um
gesto que nos mostra amor... bondade...
Poesia
é a tela de um pintor
Um
botão a abrir-se em plena flor
Ou
lágrima num rosto sem idade
O
MEU LIVRO
Landa
Machado
Folheei
o meu livro de memórias
Feito
de páginas brancas, ao nascer,
E
revi quase todas as histórias
Que
a vida me foi dando p'ra viver
Folhas
escritas sem qualquer caneta
Com
desenhos de sonho e fantasias
De
tinta azul, verde, às vezes preta
Contando
amores, mágoas, alegrias.
As
folhas até hoje todas escritas...
Algumas,
já velhinhas, tão bonitas
Que
parei, uns instantes, para ver
Não
sei de quantas páginas é o meu livro
Só
tenho d'o escrever, enquanto vivo,
Mas
já tem poucas folhas p'ra escrever
AMOR
É…
Landa
Machado
“Amor é fogo que arde sem se ver”
Luís
de Camões
«Amor
é fogo que arde sem se ver»
É
brasa que se acende com ciúme
Chama
que invade o peito e faz doer
Fagulha
que nos queima sem ter lume
Música
que se escuta sem tocar
Poemas
que se dizem sem escrever
Promessas
que se trocam num olhar
Um
mundo que se vive sem viver
Um
brilho que se acende num sorriso
Um
choro que se solta sem aviso
A
letra que se canta sem canção
Estrelas
que a chuva vem beijar
Sonhos
feitos com raios de luar
A
dança com que bate o coração
LÁ
LONGE
Landa
Machado
Lá
longe na lonjura doutro tempo
Bem
distante na minha mocidade
Num
tempo que já é quase sem tempo
Mas
sempre foi um tempo de verdade
Fui
buscar o meu sonho de ternura
Que
deixou a saudade em seu lugar
Preencheu
muitos anos de ventura
E
afastou muito pranto por chorar
Desenhou
os meus anos d’alegria
Coloriu
toda a minha fantasia
Acendeu
estrelas no meu olhar
Marcou
meu coração com ferro ardente
Mas
desfez minha vida num repente
E
partiu… antes mesmo de chegar
SILÊNCIO
Landa
Machado
Sentada
na praia olho o horizonte
O
sol no ocaso é uma fogueira
O
silêncio tomba como água da fonte
Ou
brasa que apaga no chão da lareira
Uma
vela branca desliza no mar
Aceno
distante num adeus ao cais
A
areia dourada parece esfriar
Acendem-se
estrelas como castiçais
A
brisa murmura suave canção
No
rolar das ondas que vêm… e vão
E
o azul desmaia, desfaz-se em lilás
A
lua que nasce por trás da colina
Apaga
a cidade num véu de neblina
Faz
deste silêncio meu mundo de paz
ÀS
VEZES...
Landa
Machado
Às
vezes sou o mar embravecido
Num
esbracejar de vagas e de espuma
Ao
ver, desiludida até comigo,
Que
não posso fazer coisa nenhuma
Às
vezes sou o mar em tons de anil
Quando
a alma se enche d’alegria
E
na noite as estrelas, mais de mil,
Alimentam
a minha fantasia
Às
vezes sou o mar d’encontro à rocha
Erguendo
bem alto a minha tocha
Numa
luta sem tréguas, sem parar
Outras
vezes sou onda em maré-cheia
A
rolar sonhadora pela areia...
Ás
vezes sou o mar, p’ra além do mar
OUVE
Landa
Machado
Ouve
o silêncio que reina no Mundo
Ouve
as palavras que as bocas não falam
Ouve
o borbulhar do ódio profundo
Ouve
a revolta que as balas não calam
Ouve
o calor a consumir florestas
O
esboroar da terra exaurida
Ouve
o vazio de casas desertas
O
som de passos de vida esquecida
Ouve
a fuga da honra, da verdade
O
riso da mentira e falsidade
A
fome em desespero que se arrasta
Ouve,
sente, e ergue a tua voz
Já
somos muitos vem juntar-te a nós
Sacode
o comodismo, grita… BASTA
A
DANÇA DAS VELAS
Landa
Machado
Vieste
ligeiro em passo de dança
Um
leve sorriso quase de menino
Trazias
nos olhos um brilho de espr’ança
Nas
mãos estendidas todo o teu carinho
Teu
gesto tão brando dum amor ternura
Na
noite tão fria inventou calor
Acendeu
desejos, espalhou loucura,
Tornou-se
maestro dos toques de amor
No
doce aconchego do quarto fechado,
A
chama das velas em louco bailado,
Houve
cantos, rezas, que ao amor conduz…
O
negro da noite virou claridade
Todo
o sentimento foi pura verdade
E
a dança das velas explodiu em luz
UMA
VIDA
Landa
Machado
Criança
rodeada de ternura
Cresci
sempre num ninho bem guardado
Teci
sonhos de amor e de ventura
Como
oração de reza em chão sagrado
Caminhei
entre as margens da aventura
Percorri
as vielas do meu fado
Naveguei
pelos rios da amargura
Nadei
num turbilhão de mar salgado
A
idade deu-me enfim sabedoria
Recuso
entrar em jogos d’euforia
Procuro
com cuidado a linha recta
Agora
gozo em paz a minha vida
Está
a terminar esta corrida
Vejo
no fim da estrada a minha meta
ÀS
VEZES FICO ASSIM
Landa
Machado
Às
vezes fico assim olhando o mar
Pensando
no que a vida me roubou
Os
beijos que ficaram por me dar
A
mãe que um dia tive e Deus levou
Às
vezes fico assim a recordar…
Passado
que passou rasgado em dor
Um
amor que findou sem começar
Um
colo que nem sei o seu calor
Às
vezes olho o céu, o horizonte
À
procura da água duma fonte
Que
sacie esta sede que inda sinto
Às
vezes fico assim quase a sonhar
Parada,
simplesmente a imaginar
Um
amor que não tive mas pressinto
CARINHO
Landa
Machado
Sentir-me
aconchegada nos teus braços
Faz
os dias e noites mais felizes
Ouço
música ainda nos teus passos
E
rios de ternura no que dizes
Perguntas
que me faz o teu olhar
Respostas
que te dou com meu sorriso
São
como raios brancos de luar
Poemas
que me dizes… e eu te digo
Caminhos
de outros dias já andados
Desejos
esquecidos relembrados
Memórias
a encher o coração
Histórias
que contamos de mãos dadas
Lembranças
de outras vidas partilhadas
Choros
e risos feitos de emoção
POEMA
Landa
Machado
Olhei
a folha branca inerte e fria
Olhei
o céu, o mar, o tudo o nada
Ouvi
o vento brando que corria
E
senti-me de novo destroçada
As
aves murmuravam mil canções
O
rio escorregava doce e lento
A
minha alma vazia de emoções
Esvaíra
de mim todo o talento
Escrever
para quê, com que sentido?!
Ao
menos se alguém tivesse ouvido...
Então
a inspiração, talvez com pena
Veio
pé ante pé como um ladrão
Tomou
suavemente a minha mão
E...escreveu
por mim este poema
Minha Querida amiga Landa
ResponderExcluirLi e reli estes seus maravilhosos sonetos, alguns dos quais já conhecia.
Muitos Parabébs pelos sonetos e por fazer parte deste blogue tão maravilhoso. É uma honra a ele pertencer. Desejo-lhe muitas felicidades.
Beijinhos da sua amiga
Milú.
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