O Soneto e as Rosas


Os poetas amam as rosas, com a mesma ternura com que amam as mulheres e as estrelas.
A rosa é, eleita por todos, a mais bela das flores. Vive no jardim mais modesto, como vive nos salões dos palácios reais; e floresce na primavera, como viceja nas demais estações do ano.
Quando a alvorada acorda, risonha e suave, começa logo a percorrer o céu, como se fosse um esfogueado carro coberto de rosas.

A rosa é o símbolo da Amizade, qualquer que seja a sua cor.
Pode-se afirmar que é uma das flores mais antigas, pois, em diversas tonalidades, já enfeitava os jardins suspensos da Babilônia, 1.200 anos antes de Cristo.

Suas variedades chegam a cerca de 16.000, embora apenas quatro cores sejam mais conhecidas: a amarela, que simboliza a felicidade; a branca, que exprime a paz; a vermelha, que representa o amor; e a rosa, tom entre o rosa-forte e o branco, que significa esperança.

Em Roma, as cortesãs levavam a Vênus as primeiras rosas do ano, e os colonos penduravam um ramo de rosas à porta de suas cabanas.
Na volta das batalhas, os cortejos triunfais penetravam no Capitólio sob uma nuvem de rosas vermelhas e brancas.

A rosa é companheira do homem, nas alegrias e nas tristezas, no bulício das festas e até no silêncio dos túmulos.
Anacreonte, poeta das belezas singelas, escreveu, certa vez:
"Que seria da humanidade sem as rosas?"
São Francisco de Sales falou: — "É preferível que em nossos jardins haja espinhos, pelo fato de haver rosas, a que lhes faltem as rosas, para que não haja espinhos".
Santo Ambrósio afirmou que as rosas ficaram vermelhas porque sobre elas caiu o sangue de Cristo, no Calvário.

Dante deu a forma de uma rosa ao esplendor do Paraíso, na Divina Comédia.
Santa Teresinha dizia que desejava subir ao Céu para "fazer cair sobre nós uma chuva de rosas". E se espalham, por toda parte e por todos os tempos, as lendas que envolvem essa flor maravilhosa: é Júpiter, no concílio dos deuses, proclamando-a "Rainha das Flores"; são anjos atirando rosas sobre o teclado do órgão em que. toca Santa Cecília; é a Virgem Maria, Rosa Mística, rosa sem espinhos, que, quando aparece para os homens, faz nascerem rosas de seus pés... Lendas... Lendas que se multiplicam...

Quem vê uma rosa, quem sente o perfume de uma rosa, tem de pensar em poesia.
Tem sido sempre a inspiradora de quase todos os poetas e de quase todos os escritores do mundo. Malherbe eternizou-a num pequeno poema. Eça de Queiroz escreveu uma crônica admirável, uma história fantástica dessa flor que "merece, realmente, ser cantada, porque nunca houve flor, entre as flores, com uma carreira mais triunfal". O grande Eça lembrava que "em tudo o que profundamente interessa o homem, o amor, a religião, a guerra, a lei, a morte, se achou sempre envolvida a rosa — e a civilização inteira está repassada do seu perfume".

Poetas de todos os países sempre amaram a rosa e dela fizeram temas belíssimos para suas inspiradas composições. Os da nossa língua não poderiam fugir ao destino dos demais poetas.
E surgem: é Catulo da Paixão Cearense orvalho"diante de uma rosa toda coberta de orvalho , pensando que ela chorava";  é Elóra Possólo "sentindo as rosas quais se fossem versos, sentindo os versos quais se fossem rosas"; é o Padre Antônio Tomás dizendo que as rosas fazem lembrar "sanguinolentos restos de pobres corações despedaçados"; é Belmiro Braga escrevendo que "viveu cinqüenta anos semeando rosas e colhendo espinhos"; é Maranhão Sobrinho contemplando "chagas veludosas de rosas cor-de-rosa no sol-posto"; é Nilo Aparecida Pinto descobrindo que sua amada lhe dá a certeza de que "também existem rosas morenas"; é Luiz Pistarini afirmando que "Rosa lhe parecia um buquê de rosas que falava, que andava e que sorria"; é Alphonsus de Guimaraens cantando as "rosas brancas da cor das pobres freiras"; é a poetisa cega Benedita de Melo revelando a sua "tristeza de nascer e viver sem ver as rosas"...

Transcrevemos, adiante, alguns sonetos dedicados às rosas. E, nesta oportunidade, homenageamos, com prazer, a Elza Marzullo, autora de um belíssimo florilégio, em prosa e verso, consagrado às rosas.
A talentosa jornalista, alma grande e sensível, de quem furtamos a inspiração deste capítulo, ofereceu ao público pequena porção do material reunido, acrescentando, modestamente, que deixava sua "pálida contribuição" para um trabalho de maior fôlego, de "especialistas das letras". Estes, certamente, ainda aparecerão, para mostrar, ao lado de Elza Marzullo, a beleza da rosa "em todos os jardins e em todos os versos, como flor ou como uma lembrança de mulher".
  

ROSAS E VERSOS
(Elóra Possólo)

Gosto de ter, na minha sala, rosas.
E dentre rosas ler os meus poetas.
São preferidas, são as prediletas,
as que recolho nas manhãs cheirosas!

As que às roseiras, nas manhãs formosas,
disputo eu mesma às asas inquietas
das inquietas, loucas borboletas.
Gosto de ter, na minha sala, rosas.

E entre meus livros e entre minhas rosas,
soltar meus sonhos pelo azul dispersos,
num ruflo de asas leves, vaporosas.

Horas que passo assim, deliciosas!
Sentindo as rosas quais se fossem versos.
Sentindo os versos quais se fossem rosas!



O ENAMORADO DAS ROSAS
(Olegário Mariano)

Toda manhã, ao sol, cabelo ao vento,
ouvindo a água da fonte que murmura,
rego as minhas roseiras, com ternura,
que água lhes dando, dou-lhes força e alento.

Cada uma tem um suave movimento
quando a chamar minha atenção procura.
E, mal desabrochadas na espessura,
mandam-me um gesto de agradecimento.

Se cultivei amores às mancheias,
culpa não cabe às minhas mãos piedosas
que eles passassem para mãos alheias.

Hoje, esquecendo ingratidões mesquinhas,
alimento a ilusão de que essas rosas,
ao menos essas rosas, sejam minhas.



SANTIDADE DAS ROSAS
(Nilo Aparecida Pinto)

É tal o meu deslumbramento, ao vê-las,
que, se hoje as busco, em noites carinhosas,
há rosas que rebrilham, como estrelas,
e estrelas que florescem, como rosas...

Busco-as assim; assim hei de querê-las...
Mas, fitando as estrelas luminosas,
percebo, sem o intuito de ofendê-las,
o meu amor mais puro pelas rosas!

Quero-as mais, por julgá-las nas clausuras
das verdes hastes — monjas prisioneiras...
Pois, se Rosa do éu, pelas alturas,

é Santa Terezinha — a flor das freiras —,
veio na rosa, irmã das monjas puras,
a Santa Terezinha das roseiras!



ROSAS
(Luiz Pistarini)

Há nesta vida coisas deliciosas!
Vi, num jardim, Rosa a passear um dia:
rosas nas mãos, rosas no colo, rosas
no cabelo que, ao sol, resplandecia. .

Nas lindas faces cândidas, mimosas,
duas rosas, também, Rosa trazia:
as da saúde, que são mais preciosas;
e nos lábios de Rosa ainda se via

rosa que, em duas pétalas graciosas,
num sorriso arcangélico, se abria.
E assim, formosa, entre as irmãs formosas,

não sei por que Rosa me parecia,
não rosa só, mas um buquê de rosas
que falava, que andava e que sorria!



ASSIM FALARAM AS ROSAS
(Aloisio de Castro)

No florido canteiro onde abotoara,
uma rosa dizia: "A minha sorte
seja luzir nas festas! Só me importe
a mesa dos banquetes, a mais cara!"

Outra rosa falou: "Eu desejara
ser da saudade a rosa. .. É bela a morte!
Abençoada mão a que me corte
 para enfeitar a urna de Carrara

Mas, outra, ouvindo a voz da companheira,
 disse apenas: "Ó! mãe, frágil roseira,
tenho medo da vida incerta e vá!

Quero ficar contigo humilde e quieta,
 a recordar que sou, como a do poeta,
 pálida rosa de uma só manhã.



NOSSA SENHORA E AS ROSAS
(Luís Carlos)

Disse-me, um dia, um velho ateu, sorrindo:
"Nossa Senhora, se é uma só, por que há de
haver, desfigurando-lhe a unidade,
tantas Nossas Senhoras?" Era lindo

o dia. Em torno, estavam colorindo
um jardim, no esplendor da virgindade,
rosas... e quantas! que de variedade!
Todas voltadas para o azul infindo.

Eu não lhe respondi. Mostrei-lhe, apenas,
aquelas rosas que, de tão serenas,
ainda me pareciam mais formosas.

E o velho ateu, vendo-as, em são consciência,
na forma vária, mas iguais na essência,
viu que Nossa Senhora é como as rosas.



A MOÇA FEIA
(Nilo Aparecida Pinto)

Talvez por não ser linda, ela trazia
uma rosa na trança... e assim, Consuelo,
apesar de ser feia, me prendia:
eu namorava a flor do seu cabelo...

Coitada! Ouvindo a sua voz macia,
mal eu punha em seu rosto o olhar de gelo...
E, em resposta, a julgar que a flor me ouvia,
somente à flor mostrava o meu desvelo...

Um dia ela partiu... Não era linda...
 Mas, de todas que amei, só ela ainda
vem perturbar a minha vida mansa...

Pois sinto, ao recordá-la, distraído,
 um murmúrio de pétalas no ouvido
e um perfume de rosa na lembrança!...



A MORTE DAS ROSAS
(Padre Antônio Tomás)

Nos canteiros orlados de verdura,
de mil gotas de orvalho umedecidas,
cheias de viço e de perfume ungidas,
desabrocham as rosas à ventura.

Mas a vida das rosas pouco dura,
e as míseras, em breve, enlanguescidas,
a fronte curvam, nos hastis pendidas,
sob os raios do sol que além fulgura.

E vão largando as pétalas mimosas,
ao sopro mau dos vendavais infestos.
E os despojos finais das tristes rosas

de cor vermelha, pelo chão tombados,
fazem lembrar sanguinolentos restos
de pobres corações despedaçados.



A ROSA AZUL
(Marcus Sandoval)

Era uma rosa azul, rara e formosa,
esplêndido lavor da Natureza,
que um dia apareceu, misteriosa,
num vermelho jarrão da arqui-duquesa.

Deparando o arqui-duque a flor graciosa,
sorriu a um pensamento. . . e, com leveza.
à tardinha, depois, a linda rosa,
perfumava o aposento da marquesa.

E quando a lua — a protetora eterna —
redoirava o palácio dessa história,
tremia, em mãos reais, a bela flor

que logo de manhã, numa taverna,
fenecia, a sorrir, cheia de glória,
na bandurra gentil de um trovador.



 ROSA BRANCA
(Antônio Feijó - poeta português)

Sonho ou quimera, na ilusão divina
que ao mundo alado o coração transporta,
aquela rosa pálida e franzina,
branca, tão branca, parecia morta.

Planta que o frio da existência inclina,
pomba que foge a seu país. Que importa?
Sonho ou quimera, na ilusão divina,
branca, tão branca, parecia morta.

Mesmo acordado ou vendo-a com tristeza
nas molduras do sonho e da incerteza
que a fantasia em pleno azul recorta,

sempre na imensa dor que me fulmina,
aquela rosa pálida e franzina,
branca, tão branca, parecia morta.



ROSAS
(Alphonsus de Guimaraens)

Rosas que já vos fostes, desfolhadas
por mãos, também que já se foram; rosas
suaves e tristes! Rosas que as amadas,
mortas também, beijaram suspirosas...

Umas rubras e vãs, outras fanadas,
mas cheias do calor das amorosas...
Sois aromas de alfombras silenciosas,
onde dormiram tranças destrançadas.

Umas brancas, da cor das pobres freiras,
outras cheias de viço e de frescura.
Rosas primeiras, rosas derradeiras!..

Ai! Quem melhor que vós, se a dor perdura,
para coroar-me, rosas passageiras,
o sonho que se esvai na desventura?



ROSA SECA
(Benedito Cirilo)

Vês esta rosa, velha, ressequida,
que me ofertaste quando nos amamos.
Guardei-a com carinho, pois na vida
faz recordar o amor que permutamos.

uma lembrança pálida e sentida
da vez primeira em que nós nos beijamos,
daquela estrada branca e tão florida
que tantas vezes juntos palmilhamos...

Guardei-a com carinho. Sim, que importa?
seca, é velha, é descorada e morta,
mas, é uma rosa e sempre será flor...

Assim o amor que no meu peito existe,
hei de guardá-lo; é desprezado e triste,
mas nunca deixará de ser amor.



ROSAS
(Maranhão Sobrinho)

Rosas no céu, Rosas nas cercas, Rosas
nos teus ombros, e Rosas no teu rosto;
Rosas em tudo; e há chagas veludosas
de Rosas cor-de-rosa no sol-posto.

Florescem Rosas de ais, maravilhosas,
nas róseas fontes. Rosas no recosto
dos róseos montes se debruçam. Rosas
em Abril, Maio, Junho, Julho e Agosto!

Se há noivados, há Rosas nas redomas
dos altares; e há Rosas invisíveis
difundindo, no azul, róseos aromas!

Se morre um anjo, as brancas nebulosas
leva entre as mãos de rosas marcescíveis
Rosas fechadas num caixão de Rosas!



O MILAGRE DAS ROSAS
(Nilo Aparecida Pinto)

Segundo a tradição, Nossa Senhora, que morreu 
em avançada idade, três dias após a sua morte 
ressuscitou gloriosa e, em corpo e alma, foi 
transportada para os Céus.


Quando a Morte a levou, Santa e Rainha,
baixando à cova o seu pesar profundo,
Nossa Senhora estava tão velhinha,
que não tinha parentes neste mundo...

João, porém,que vai vê-la, e se avizinha,
chora e medita num martírio fundo:
— Como à terra deixá-la, assim sozinha,
Jesus, o Cristo, o Deus de amor fecundo?

Mas, nisto, o Santo logo adormecera...
E, quando acorda — que milagre lindo! —
Nossa Senhora desaparecera...

E, em seu lugar, a florescer, radiosas,
viu que Maria, para o Céu subindo,
deixara a campa a transbordar de rosas!...



DIÁLOGO DE DUAS ROSAS
 (Francisco de Matos)

A um moço poeta, cabeleira ao vento,
a rosa branca, esplêndida, dizia:
— "Sou tão pura, que sirvo de ornamento
à grinalda da noiva... E que alegria!"

Dizia a rosa rubra, num lamento:
— "Nobre, vou enfeitar a lousa fria
da moça virgem no sepultamento
muito mais triste que o morrer do dia".

E o moço poeta, lívido, revolto,
não disse a mais feliz, alma emotiva
de pequenino passarinho solto...

Do próprio coração batendo à porta:
— Se a rosa branca para a virgem viva.
— Se a rosa rubra para a virgem morta.



LOUROS E ROSAS
(Eugênio de Castro - poeta português)

O Amor dá-se de graça; a Glória é cara;
esta é matrona grave, o outro é menino;
cuida o Amor dum canteiro pequenino
e a Glória lavra intérmina seara.

O Amor é gastador; a Glória avara;
esta com siso marcha, o outro sem tino;
e, aos ventos desnorteados do destino,
enquanto o Amor se apressa, a Glória pára.

Em bronze escreve a Glória; o Amor na areia;
e, enquanto ele escorrega, ela tateia
do futuro nas brumas misteriosas...

A Glória eternos louros faz crescer;
frágeis rosas, o Amor. Quando eu morrer,
dispenso os louros; cubram-me de rosas!



FEBRE
(Henrique Castriciano de Sousa)
Macaíba, RN, Brasil

Por toda a parte rosas brancas vejo...
Rosas na fímbria loira dos Altares,
coroadas de amor e de desejo...
Rosas no céu e rosas nos pomares.

Uma roseira o mês de Maio. Aos pares
surgem, da brisa ao tremulante arpejo,
estrelas que recordam, sobre os mares,
rosas envoltas num cerúleo beijo.

E quando Rosa, em cujo nome chora
esta febre cruel que me devora,
de si me fala, em gargalhadas francas,

muda-se em rosa a flor de meus martírios,
o som de sua voz, a luz dos círios...
O próprio Azul desfaz-se em rosas brancas.



A ROSEIRA DO SILÊNCIO
— A Santa Teresa de Jesus —
(Durval de Morais)

Falsas rosas heráldicas da raça,
rosas do orgulho, rosas assassinas
do tédio, que meus lábios amordaça
com os travores de todas as morfinas;

rosas da tentação, rosas da graça,
rubras aquelas; estas cristalinas;
azuis rosas do Amor, de onde esvoaça
o aroma ideal das perfeições divinas;

e vós, rosas fanadas da Saudade:
todas colhi, na dor e na tristeza
do turbilhão. Meu desespero vence-o...

E a rosa celestial da Santidade
dá que eu possa colher, Santa Teresa,
na Mística Roseira do Silêncio!



A PÉTALA MISTERIOSA
(Lindolfo Gomes)

Deixei-me como a bruma sobre o monte,
triste em meu quarto, e de alma lacrimosa...
Eis que veio pousar em minha fronte
uma ridente pétala de rosa.

Do consolo senti manar-me a fonte...
De onde viria a folha misteriosa?
Ninguém no quarto havia: só defronte
sorria-se uma imagem piedosa.

Senti na alma a afagar-me um novo alento...
Teria a folha m'a trazido o vento?
Mas não ventava, só havia luz...

Nisto, ouvi uma voz enternecida:
— Vem da chuva de rosas prometida
por Santa Teresinha de Jesus!


ÚLTIMAS ROSAS
(Lídio Ferreira do Santos)

Sonhei demais! Julguei a vida um canto,
manhã feliz em céu azul desperta!
Desgraçada ilusão! A vida é incerta,
cordilheira de mágoas e de pranto.

Fui um ninho de ideais! Triste, no entanto,
hoje é meu coração, casa deserta...
Porta fechada para a crença, e aberta
para o martírio do meu desencanto.

Quanta dor, quanto Bem aqui dispersos!
Toda a minha tortura e a minha calma,
que eu transformei nesta porção de versos.

Neles, ora sou triste, ora risonho!
São as últimas flores de minha alma,
as derradeiras rosas do meu sonho.







(Das páginas 903 a 915 de "O Mundo Maravilhoso do Soneto", de Vasco de Castro Lima)








5 comentários:

  1. SONETO DEDICADO A TODAS AS MULHERES

    “ROSAS DE AMOR”

    No dia oito do passado mês foi invocado o dia internacional da mulher, esse ser maravilhoso e sublime entre todos… Hoje, para afirmar que, para mim, todos os dias são dias da mulher… porque, todos os dias, elas nos adoçam, de ternura, as nossas vidas… e, em desagravo por tanto desamor e violência, que neste princípio de ano já por tantas foram sofridos… sendo que, algumas, não poucas… soçobraram a essa violência atroz que continua a chocar-nos e a envergonhar-nos… Hoje e aqui, em nome das mulheres que tanto amei e das que continuo a amar… das minhas avós, minha mãe, minha mulher, minha filha, minhas irmãs, minhas tias, minhas primas e todas as minhas (nossas) amigas… deixo, aqui, um soneto que é a todas dedicado… e que nasceu da minha alma torturada de poeta possível…
    Solicito, a todos os meus amigos, que o considerem nosso e dedicado a ELAS… como desagravo, e manifestação de afeto, face às arbitrariedades que contra ELAS ( MULHERES, tomadas no sentido sublime e universal do termo) continua a exercer-se, em função de um instinto bárbaro de desamor e de arreigada posse que predomina nesta sociedade neoliberal aniquiladora a evoluir para a barbárie !...

    “ROSAS DE AMOR”

    Quando eu as vejo, ali, maravilhosas…
    que a terra lhes deu vida e as fez belas,
    me lembram fascinantes aguarelas
    que habitam, nos canteiros, harmoniosas !...


    E, ao passar a brisa, as frescas rosas
    se animam, de ternura, todas elas…
    parecem ternurentas cinderelas,
    alegres, animadas e formosas !...


    Elas são doces fontes de ternura
    a despertar o dia em cada alvor…
    Em cada despertar de manhã pura !...


    Se alegram, a sorrir, em sua cor…
    e dão, ao dia, um nexo de candura…
    Por isso… eu lhes camei “ROSAS DE AMOR” !...

    Matos Serra

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  2. AS ROSAS E AS MUSAS DA MINHA RUA

    METÁFORA

    Na minha rua há rosas… e tão belas…
    tão lindas, delicadas e tão puras…
    que com os seus odores soltam doçuras
    e ‘spalham harmonias, todas elas !...


    As musas abrem todas as janelas
    p’ra m’inspirarem versos e ternuras…
    Eu não resisto a tantas formosuras
    das musas e das rosas tão singelas !...


    As musas, entre as rendas das vidraças,
    despertam o poeta apaixonado…
    dividido entre as rosas e as graças !...


    Na minha rua eu vivo deslumbrado,
    num céu sem amarguras nem desgraças…
    entre as musas feliz e descuidado !...

    Matos Serra
    19-04-2017

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  3. TÍTULO: O SEGUNDO MILAGRE DAS ROSAS

    Em dez de Janeiro de 2003 eram muitas, como geralmente acontece ainda por essa altura, e lindas... as rosas que havia no roseiral do muro da minha pequena quinta, situada no vale das termas de Cabeço de Vide e, eu compus, então, esta brincadeira em forma de soneto.



    Ainda há rosas no roseiral do muro...
    Vistosos e frondosos ramos dão,
    viçosas, muitas rosas em botão,
    perfumando o ar deste vergel tão puro!...


    Formosas, estas rosas, e eu juro:
    Este milagre, sem Isabel de Aragão...
    Menos milagre é do Céu que deste chão
    que será o jardim do meu futuro.


    Afinal... Em Janeiro também há rosas...
    Não percebo a razão de tantas prosas
    acerca do milagre de Isabel!...


    Cá por mim... para que a vida me console...
    Sou crente deste chão e deste sol,
    da natureza e do ar puro deste vergel!


    Matos Serra, in
    Monte da Bica - Cabeço de Vide - Alentejo- Portugal.

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  4. Maravilhosas poesias. Belas,lindas rosas!!!

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  5. Sao todas lindas, meu caro. Mas, existe um poema que diz "Em lysial, em lugar solitario, ergueram-se muralhas num Mosteiro,onde as Freias perante o Santuario, viviam rezando o dia inteiro.

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