Lêda Yara Motta Mello

Arapiraca, AL



COM SEQÜÊNCIA
Lêda Mello

O dia nasce e assim se chega a vida
voltando à Terra com jeito criança.
Sonhos infantis na cor da esperança,
feito balões na manhã colorida.

Sol do meio dia, é a juventude
alçando vôo rumo a liberdade.
Declina a tarde e a maturidade
ganha da vida ares de plenitude.

Que eu possa, quando a noite definida,
olhando além, na janela da vida,
sem mágoas, contemplando o meu passado,

partir serena, na grande viagem
levando, apenas, na minha bagagem
a luz do amor que eu haja semeado.



BRUMAS
Lêda Mello

Triste é o esmaecer do amor, na incerteza,
Bem querer que se conheceu um dia,
Amor bonito e cheio de alegria,
Ver espraiar-se em rio de tristeza.

Pela saudade que de tão antiga
Já nem dói tanto, como em anuência
À uma escolha feita só de ausência
Tanto mistério... Sucumbe à fadiga

No tempo, a névoa envolve aquele olhar
Nubla o sorriso, o jeito de falar,
Turva lembranças de um tempo risonho.

Perdido em brumas, longe o recordar...
Às vezes, chega-se a se perguntar
Se foi real ou se foi tudo um sonho.



ONDE ESTAVAS?
Lêda Mello

Não estiveste quando a primavera
Sorriu na haste da primeira flor.
Também não estavas quando o frio inverno
Pediu em mim o sol do teu calor.

Veio o verão banhado de alegria
Não aqueceste o meu coração.
Na solidão do outono a nostalgia
Das folhas mortas, soltas pelo chão.

Sozinha vi o brilho do luar,
Contei estrelas, contemplei o mar,
Andei caminhos das minhas verdades...

Não partilhaste a luz do arrebol
Não estiveste em cada pôr do sol
Que permanece a hora das saudades.



PRIMEIRO ENCONTRO
Lêda Mello
  
Quando te vi pela primeira vez
Era setembro, num entardecer,
Foi como um sonho que real se fez,
De tão antigo, fez-me renascer.

Entre teus braços vi-me reviver,
Senti-me plena, sem qualquer talvez.
Quando te vi pela primeira vez
Tive a certeza de te pertencer.

Beijo esperado, doce languidez
Antecipando a chama do prazer,
O paraíso na terra se fez.

Doce magia do anoitecer...
Aquele encontro - não hei de esquecer -
Quando te vi pela primeira vez.



MAL DE AMOR
Lêda Mello

Plantei amor no teu peito
Pensando que não vingasse
Vingou tanto que nasceu
Nasceu tanto que inda nasce

Amor quando pega a gente
Faz um trabalho bem feito
Dá bobeira nas idéias
Quer pensar mas não tem jeito!

Fica nos ares, cismando...
Não sente fome e nem sede
Não consegue trabalhar

Mas é coisinha gostosa
Que deixa a gente dengosa
Dormente de tanto amar.



SAUDADE...
Lêda Mello

"Não é menor o coração que a alma
Nem melhor a presença que a saudade
Se te amar, é sentir calma..."

(Vinícius de  Moraes - Soneto da Contrição)


Saudade é ter presente uma ausência,
Pulsar, no peito, marca acre-doce,
Sentir o ontem tal se agora fosse,
Num desafio às leis da ciência.

Se o átimo vale por uma vida inteira,
Se o que vivemos foi real e profundo,
Se o afeto fez mais belo o nosso mundo,
Saudade faz-se doce companheira.

E da saudade as suas dores redimidas,
Mergulha nas lembranças tão queridas,
Vivas nos jardins da imaginação.

Tempo e espaço... saudade desconhece!
É o milagre do amor que acontece.
Mistérios do país do coração.



DOR DA SAUDADE
Lêda Mello

Este vazio do sonho desfeito,
Esta lembrança sem repouso e ninho
É como chaga maltratando o peito.
Sonhar a dois, depois seguir sozinho...

Doces castelos jazem no passado
Deixando n'alma a dor da despedida
Sem um alento, coração cansado
Segue o caminho. É a lei da vida.

Amar com alma e ter no peito a sina
De uma saudade que jamais termina,
Coragem pra seguir... Somente Deus!

Inda que distante a felicidade
E que o amor conviva com a saudade,
Às vezes, é melhor dizer ADEUS.



DESCOMPASSO
Lêda Mello

Como o passar do tempo é vagaroso
quando marcando momentos de espera!
Presença e ausência no peito ansioso
vezes se alternam o real e quimera.

Como conter o vôo da emoção?
Cada segundo é hora de tormento,
pulso acelera na agitação,
na antecipação do encontro, o momento.

Contar das horas, minutos, segundos,
nessa ansiedade, suspiros profundos
marcam compasso pra o vagar perdido.

Então à porta surge o ser amado
e no momento do encontro esperado
o descompasso é todo esquecido.



AQUELE OLHAR
Lêda Mello

Desde o instante em que me fitaram
Cristais brilhantes, deflagrando luz,
Aqueles olhos os meus penetraram
Tal qual uma chama que queima e seduz.

Qual borboleta no beijo da flor
Perdida em sonhos, vaguei nesse olhar.
Toque de almas, promessas de amor,
Fugaz instante, não posso olvidar

Um par de olhos a busca dos meus
Entristecidos, na hora do adeus.
Tempo passou, não esqueci jamais

Aquele olhar que trago na lembrança
Doce sentir que em meu peito descansa
Ainda que ausente, não o veja mais.



CAMINHOS OPOSTOS
Lêda Mello

Querias dar-me o teu melhor. Querias!
Desejo e verbo no tempo imperfeito.
Agora, que é passado, atavias
senil presente sem causa e efeito.

Em mim preferes colocar culpa
de tal querer que não levaste avante.
Tu foste omisso, é mera desculpa,
bem sabes, te esperei a cada instante.

Sonhos, apenas, nada foi real,
amor vivido no mundo ideal,
no desperdício do que não me deste.

E assim estamos, tu e eu, distantes,
porque guardaste teus sonhos amantes.
Querias, mas, de fato, não quiseste...

  

2 comentários:

  1. Querida Regina Coeli:

    Ver a "minha" página neste lugar de sonhos é desfrutar de uma grande alegria, acompanhada de uma imensa gratidão.

    Conheço o seu capricho e esmero em tudo o que você faz, que não é diferente em relação a este seu site. Obeigada,Regina Coeli. Deus a abençoe.

    Carinhosamente,
    Lêda Yara

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  2. Olá, Lêda!
    Sou Socorro Braga de Mello, fiquei muito feliz em descobrir voce através da leitura que li recentemente.
    Abraços e desejos de muita Paz, um brilhante e Feliz Natal e Ano Novo.
    😘🌹🙏

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