domingo, 25 de dezembro de 2016

Apresentação de "O Secular Soneto"


Sejam muito bem-vindos a esta
Homenagem ao Soneto.






O presente trabalho tem por objetivo maior Honrar o Soneto, composição poética que vem vencendo os tempos, não obstante as alterações às suas antigas regras e a banalização do que se entende por poesia.

Guiamo-nos pela monumental obra do estudioso, poeta e sonetista Vasco de Castro Lima intitulada "O MUNDO MARAVILHOSO DO SONETO", editada em 1987, que contempla — com abrangência e profundidade não vistas até então — o estudo da origem e da "saga" do Soneto desde o século XIII, bem como apresenta um número expressivo de cultores dessa forma poética muitíssimo mais admirada do que criticada, daí o seu vitorioso e secular percurso. A todo esse estudo chamamos PARTE I.

Passados quase 30 anos da edição do livro do poeta Vasco, é nosso humilde desejo engajarmo-nos às fileiras que creem firmemente no Soneto como potente instrumento revelador do sentimento humano e um majestoso farol a iluminar a palavra no bom uso que dela se faz, vindo, muitas vezes, transformá-la em Arte. A esse nosso desejo chamamos PARTE II.

Aqui estão sonetos notoriamente conhecidos e reconhecidos. Também aqui estão sonetos que se circunscreveram nos limites do olhar de quem os construiu ou à atenção de poucos. Aqui está uma porção de sonetos, muitos deles de um tempo mais recente e tornados públicos através da internet; aqui estão sonetos colhidos de livros escondidos em sebos literários.
Em qualquer dos casos, seus autores poderão não tê-los visto como "obras-primas", mas, por certo, sobre eles se debruçaram, amando-os e respeitando-os, num amorável esforço de bem fazê-los para manter acesa a chama de uma composição poética secular chamada Soneto. 
E para que ele jamais escureça.

Regina Coeli Rebelo Rocha, Rio de Janeiro/RJ.




ATENÇÃO, POR FAVOR!

Embora aberto para leitura,
este blogue AINDA está em construção,
com muitas matérias a serem postadas.
Obrigada pela compreensão.
Regina Coeli
Rio de Janeiro/RJ, 25 de dezembro de 2016.
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Nesta "Casa do Soneto", abre-lhes a porta
o rol de Sonetos ao Soneto de autoria do
poeta e sonetista Vasco de Castro Lima.
Deliciem-se, amigos e leitores.

Rio de Janeiro/RJ, 25 de dezembro de 2016.




sábado, 3 de dezembro de 2016

Vasco de Castro Lima


Lavrinhas, SP, 1905
Rio de Janeiro, RJ, 2004


Sonetos ao Soneto
Vasco de Castro Lima

I

Soneto! Com quatorze primaveras,
te conheci! Foi predestinação!
Plantei quatorze rosas em botão
no teu nobre jardim cercado de heras.

Por entre as confidências mais sinceras,
eu te entreguei, cativo, o coração.
Meus dias, minha cruz, minha ilusão,
tu vestiste de aromas e quimeras.

Confiei-te sonho, amor, prantos, espinhos!
E tu, recompensando os meus louvores,
dás-me a tua acolhida e os teus carinhos.

Teus passos seguirei para onde fores!
Teremos, a abençoar nossos caminhos,
Um suave arco-íris de quatorze cores!...


II

... Assim, desde que eu era uma criança
e erguia os meus castelos de menino,
tornei-me teu ardente paladino,
lutando armado de perseverança.

Vivo a exaltar tua beleza mansa,
mesmo nos dias em que, à Dor, me inclino,
cansado de correr sem um destino,
cansado de esperar pela Esperança.

Soneto! As tuas taças quero erguê-las,
pois, mesmo tendo o coração tristonho,
espero, sempre e sempre, merecê-las.

Sim, tu me guias, lúcido e risonho,
formando, no alto, com quatorze estrelas,
o Cruzeiro do Norte do meu Sonho!


III

Quando, sangue e luz, no céu apontas,
rompendo as alvas brumas levantinas,
tu és, Soneto, um astro que fascinas,
radiosa estrela de quatorze pontas...

Uma pulseira de quatorze contas,
Um colar de quatorze turmalinas...
... Soberbo girassol entre boninas,
Também nos prados — novo sol — despontas...

Quanta vez, no silêncio ou no tumulto,
se te vejo nas cores da alvorada,
saio feliz, no rasto do teu vulto!

E vendo-te, na abóbada estrelada,
quero subir, rendendo-te o meu culto,
os quatorze degraus da tua escada! 


 IV

Soneto, a tua vida de fulgores
desliza numa escarpa de martírios;
se és um campo coberto de alvos lírios,
também és um vergel de negras flores.

Regaço de alegrias e amargores,
ninho de mansuetudes e delírios,
nasces da chama espiritual dos círios,
como nasces do sol, que acende as cores.

Tu — florido e sonoro baluarte;
tu — rei do Amor, por mais que o ódio aguces;
tu — novo Cristo de um Calvário de Arte;

mesmo que cantes, mesmo que soluces,
revives todo dia, em toda parte,
as quatorze Estações da Via-Crúcis!


V

És, no reino das Artes — o Monarca;
no Culto da Poesia — és o Senhor!
És, Soneto, na Idade — um Patriarca,
tu, que vences o tempo e o seu clamor!

Nos caminhos, deixaste a tua marca,
Celebraste o Prazer, ungiste a Dor!
— Ronsard, Bilac, Herédia, Arvers, Petrarca;
e Bocage e Camões, poetas do Amor;

Stecchetti, Shakespeare, Antero e Dante;
Teresa de Jesus, Rueda e Chocano,
Foram quatorze eternas viibrações...

Reboa, assim, no espaço, triunfante,
como se fosse a voz de um peito humano,
o bater de quatorze corações!